Mais dinheiro no bolso dos brasileiros. Este foi o principal argumento dos senadores que defenderam o fim da CPMF. Mas como a decisão que eles tomaram vai se refletir no bolso de cada parlamentar?
Depende. Há senadores que, de acordo com declarações públicas que apresentaram à Justiça Eleitoral, costumam guardar dinheiro embaixo do colchão, como o Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PSDB-PE). O ministro José Múcio, das Relações Institucionais (PTB-PE), declarou em 2006, ao ser candidato a deputado federal, que tinha R$ 160 mil, "valor em espécie -moeda nacional". O ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, que renunciou e foi derrotado nas urnas, declarou que guardava R$ 320 mil embaixo do colchão. Fora do parlamento, o governador Aécio Neves (PSDB-MG) declarou, em 2006, que, além de ter R$ 86 mil em contas do Itaú e do Bank Boston, guardava R$ 150 mil, "em espécie".
Romero Jucá, que declarou ter R$ 485 mil, explica: "Tem hora que eu tenho dinheiro em espécie, tem hora que eu tenho na conta. Eu prefiro ter em espécie. É que tem muita briga política aqui em Roraima, tem muita ação na Justiça que bloqueia o dinheiro. Mas eu não escapei da CPMF. Esse recurso foi taxado quando passou por minha conta bancária." O pagamento do imposto chegou a R$ 1.843. O senador Sérgio Guerra, contrário à CPMF, diz que tinha uma conta bancária em 2002, ano em que foi eleito e informou seus bens à Justiça. Mas não declarou porque "com certeza ela não tinha saldo". Ele afirmou: "Só tenho dinheiro em mãos para os pagamentos normais, convencionais".
Há também os que, embora a lei recomende que informem à Justiça Eleitoral a totalidade dos bens que têm, são contra declarar a movimentação financeira. É o caso do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), também contrário à CPMF. "As aplicações financeiras eu não divulgo. Sou contra. Vamos imaginar: se você tiver muito dinheiro, estimula o seqüestro", diz. "Não que eu tenha muito", afirma. "Até porque nem sei quanto eu tenho. Não sou ligado nessas coisas, não."
Tomando como base as declarações oficiais de bens que os parlamentares e o presidente Lula apresentaram à Justiça nas eleições mais recentes a que concorreram, a coluna fez os cálculos para ter idéia aproximada de quanto alguns deles poderiam gastar com a CPMF, de acordo com os recursos financeiros que declaravam ter. Além disso, os senadores movimentam seus salários. São cerca de R$ 11 mil líquidos por mês. No ano, são treze salários e mais "ajuda de custo" em dezembro e fevereiro. Feitas as contas, eles vão economizar, com o fim da CPMF, R$ 501 a cada ano.
SINAL VERMELHO
Um dia depois de a votação da CPMF no Senado ter exposto o racha na oposição -com governadores tucanos como José Serra de um lado e senadores do PSDB e do DEM de outro-, o governo de São Paulo enfrenta um percalço: o adiamento da aprovação de um empréstimo internacional de cerca de R$ 30 milhões para o Estado. Ele tem que ser autorizado pelo Senado -mas parlamentares do DEM pediram o adiamento para "examinar melhor" a matéria. No mesmo pacote estão incluídos empréstimos para cidades de Santa Catarina e Minas Gerais.
Mônica Bérgamo - Folha
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