Deputado João Campos (PSDB), citado em diálogos, confirmou que já contratou os serviços, mas negou ter feito qualquer pagamento
Polícia apura novo esquema no Congresso
A pivô das negociatas seria Lúcia Maria Fiquene, que trabalhou como secretária parlamentar na Câmara de 1995 a 2005
Deputado João Campos (PSDB), citado em diálogos, confirmou que já contratou os serviços, mas negou ter feito qualquer pagamento
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Civil do Distrito Federal descobriu um suposto esquema de tráfico de influência que estava sendo montado para liberar verbas públicas destinadas a financiar projetos apresentados por prefeituras e ONGs. O dinheiro viria de emendas parlamentares e de verbas dos ministérios.Como existe a suspeita da participação de deputados e prefeitos, a Polícia Federal foi acionada e assumiu o caso. Segundo relatório, a pivô das negociatas é Lúcia Maria Fiquene de Almeida, que trabalhou como secretária parlamentar na Câmara entre 1995 e 2005.
Conforme o objetivo, ela atua com diferentes parceiros de negócios, alguns deles também identificados pela investigação policial, como Rivane Melo, acionada para "consultoria" destinada à liberação de verbas, e Rômulo Saliba, contatado para assuntos relacionados a ONGs.Não está claro para a polícia a vantagem que Lúcia, segundo a investigação, queria levar. Em um dos casos investigados, de liberação de verbas do Ministério da Cultura, ela é acusada de pedir 2% de comissão sobre o total liberado.
O deputado João Campos (PSDB-GO), citado em diálogos monitorados, confirmou que já contratou os serviços de Rivane para acompanhar a liberação das verbas em suas emendas.
Nega ter feito qualquer pagamento a ela, o que caberia ao destinatário da emenda, como disse o próprio parlamentar. João Campos não descarta a possibilidade de conhecer Lúcia ou Saliba. Mas diz não associar as pessoas aos nomes.
Diálogos
Em julho deste ano, conforme diálogo gravado pela Polícia Civil com autorização judicial, Lúcia foi chamada por um outro funcionário da Câmara. Trata-se de Sandro de Albuquerque, lotado no gabinete do mesmo João Campos.Por volta das 10h do dia 11 de julho, em ligação de quase dez minutos, Albuquerque informa estar no Plenário 2 da Câmara, com os deputados Robson Rodovalho (DEM-DF) e João Campos. "Eles estão aguardando, só aguardando a chegada de vocês", numa referência, além de Lúcia, a Rivane.
Sandro de Albuquerque diz que Rivane "recebeu do pessoal para fazer o evento, recebeu tudo certinho, inclusive emitiram recibo, nota em nome da entidade".
"O que estamos condenando é a atitude dela como lobista", afirma o assessor. Por fim, declara que "eles não querem mais nada, que não houve cumprimento". "Isso é coisa perigosa, vai ser ruim para ela."
Entre risos, Lúcia responde: "Isso vai ser ruim é para os deputados".Sandro de Albuquerque afirma que "eles [os deputados] são a lei". E conclui: "Vai ser ruim para ela, pode ter certeza. O pessoal tá que tá. Eles estão pronto pro que der e vier".
No entendimento da polícia do DF, "Lúcia, Sandro e Rivane estiveram envolvidos em uma transação obscura envolvendo grandes somas em dinheiro para os seguintes parlamentares: dep. João Campos, Bispo Rodovalho e Marcelo Aguiar".
Rodovalho diz conhecer Rivane, que seria, como ele, da igreja evangélica Sara Nossa Terra. O assessor de Campos disse que contratou os serviços de "consultoria" de Rivane para conseguir liberação de verbas públicas para projetos assistenciais administrados por uma ONG com a qual colabora.
Em abril deste ano, com a investigação em fase inicial, o monitoramento telefônico registrou interesse em Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).
O investigado Rômulo Saliba diz a Lúcia: "Estou pagando a Oscip do meu bolso, e vou passar para você". Ela responde que vai "botar um milhão pra você e você passa pra Oscip", e faz uma nova pergunta: "Essa [Oscip] é a tua?". Saliba: "Não, eu tô comprando ela, porque receber pela dos outros é complicado".
Também monitorado pela polícia, Saliba mantém contato com um interlocutor de nome Kenedy. Oferece a ele: "Você tem interesse em emenda? Eu tenho umas para vender. Os deputados têm umas emendas ali, e eles querem vender". Kenedy pergunta para que seriam as "emendas". Responde Saliba: "Pelo que ela me falou,entendi que é para botar em Oscip".
AS INFORMAÇÕES SÃO DO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO.LINK AQUI
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