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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Indústria garante PIB forte no 3º trimestre


A produção industrial fechou o terceiro trimestre com crescimento expressivo, confirmando a aposta de uma expansão firme do Produto Interno Bruto (PIB) no período, mesmo com a acomodação registrada em setembro. Puxada pelos segmentos de bens de capital e bens duráveis, a indústria avançou, entre julho e setembro, 6,4% em relação a igual período de 2006 e 1,5% na comparação com o trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. Segundo analistas, isso sugere expansão do PIB no terceiro trimestre entre 1% a 1,5% em relação aos três meses anteriores - ritmo mais forte que o 0,8% do segundo trimestre em relação ao primeiro. E estes números corroboram a expectativa de expansão da economia de 4,5% a 5% em 2007.

A economista-chefe para o Brasil do ABN AMRO, Zeina Latif, diz que o crescimento de 6,4% no terceiro trimestre é bastante expressivo. Combinado à previsão de aumento de 8,6% para as vendas no varejo no mesmo período, o desempenho da indústria aponta para uma alta do PIB de 1,4% de julho a setembro, na comparação com os três meses anteriores, estima Zeina, ressaltando que é uma projeção preliminar. Segundo o IBGE, "o setor industrial sustenta resultados positivos há 16 trimestres consecutivos, na comparação com igual período do ano anterior". A expansão de 6,4% foi o maior avanço desde o quarto trimestre de 2004.

A economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria Integrada, considera pontual o recuo da produção industrial em setembro, de 0,5% em relação a agosto, na série com ajuste sazonal. "A produção está num patamar elevado. É algo normal." Para ela, o resultado do terceiro trimestre é compatível com a previsão de uma alta do PIB de 1,5% no período. Para 2007, ela espera uma expansão de 4,8%.

"Talvez a produção não se acelere mais, mas ela deve continuar a crescer em um ritmo forte, na casa de 5% ou um pouco mais", complementa a economista Thaís Marzola Zara, da Rosenberg & Associados. Em setembro, houve avanço de 5,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. De janeiro a setembro, a produção industrial acumula crescimento de 5,4%.

Todos os economistas saudaram o bom desempenho da produção de bens de capital, que subiu 20,4% no terceiro trimestre na comparação com igual período de 2006, acima dos já expressivos 18,4% do segundo. Para o consultor de análise econômica do Itaú, Joel Bogdanski, é mais uma confirmação de que está em curso uma expansão da capacidade produtiva da economia. "Como o investimento cresce mais do que a produção, não estou preocupado com pressões inflacionárias", afirma Bogdanski. Para ele, o resultado da produção industrial no terceiro trimestre é positivo, mas sugere alta do PIB na casa de 1% no período, mais modesta do que a estimada, ainda que de modo preliminar, por Zeina e Marcela. Bogdanski espera uma alta do PIB de 4,7% ou um pouco menos neste ano.

Segundo Thaís, no terceiro trimestre a formação bruta de capital fixo (FBCF, que mede o investimento na construção civil e em máquinas e equipamentos) cresceu 13,4% em relação a julho-setembro de 2006. A previsão considera uma expansão de 5% da produção de insumos típicos para a construção civil e de 25,3% do consumo aparente (produção mais importação, menos exportação) de máquinas e equipamentos. Em setembro, a produção de bens de capital cresceu 1,4% em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal. Foi o único segmento da indústria a registrar alta nessa comparação.

A produção de bens duráveis (como automóveis e eletroeletrônicos) foi o outro destaque do terceiro trimestre. Para o economista Sérgio Vale, da MB Associados, o resultado positivo está relacionado às encomendas para o Natal. "O bom é que o movimento não se limitou ao segmento de automóveis", diz ele, citando produtos como celulares e eletrodomésticos. Para Marcela, o desempenho se deve à combinação de crédito abundante e emprego e renda em alta, num momento de queda dos juros. Depois de crescer 6,4% no segundo trimestre, a produção de bens duráveis aumentou 13,8% no terceiro em relação a igual período de 2006.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) diz que os números divulgados pelo IBGE "conferem ao setor industrial brasileiro a perspectiva de um crescimento maior do que vinha sendo projetado para o ano, na faixa de 5%. O novo patamar é de 5,5%." A análise do Iedi, porém, aponta dois pontos negativos no resultado de setembro: a queda de 1% na produção de bens intermediários (insumos e matérias-primas para a indústria), na comparação com agosto, e de 0,6% na de bens semi e não-duráveis (como alimentos e vestuário).

"No primeiro caso, o resultado pode indicar um desvio da demanda interna de bens intermediários e insumos para importações devido ao estímulo da valorização do real, o que retira capacidade desse segmento de acompanhar o crescimento econômico doméstico." No caso do setor de bens semi e não-duráveis, a queda pode ser fruto do menor crescimento do rendimento real médio da população.

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