Governo anuncia megareserva com até 8 bilhões de barris .Bacia de Santos põe o Brasil na 1ª divisão dos países produtores e exportadores de petróleo
Depois de uma semana infernal, com abastecimento de gás e interrupção na distribuição em postos e indústrias do Rio e de São Paulo, o governo deu a volta por cima com uma notícia sensacional: a Petrobras confirmou a descoberta de uma enorme reserva de petróleo leve (de melhor qualidade e mais fácil de refinar) e de gás natural no campo de Tupi, na bacia de Santos. O campo gigante, segundo estimativa da estatal, tem uma reserva recuperável comprovada de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo de boa qualidade. O anúncio impulsionou fortemente as ações da empresa, assim como de seus parceiros no projeto, a inglesa BG (British Gas) Group e a portuguesa Galp.
Tupi é apenas um dos blocos de uma área extensa denominada Pré-Sal, que vai de Santa Catarina ao Espírito Santo, com um grande potencial, que a ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, chamou de “uma mina de ouro”. Os efeitos da descoberta do campo gigante, porém, não seriam imediatos e, segundo a Petrobras, uma produção experimental seria possível a partir de 2010, de 100 mil barris por dia. Uma produção comercial levaria de cinco a sete anos, ou seja, a partir de 2012.
Depois de uma reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), da qual participou o próprio Presidente Lula, o governo anunciou uma mudança em sua política energética, priorizando a descoberta de petróleo nas águas profundas na região. “Modificamos o paradigma geológico no Brasil. Com esta descoberta, deixaremos de ser um país médio que estava conseguindo auto-suficiência para nos transformar em um país de proporções exportadoras, como os países árabes, a Venezuela e outros”, comemorou Dilma Rousseff, encarregada do anúncio.
“O país precisa parar e pensar de novo nessa indústria (de petróleo)”, afirmou Dilma. A ministra advertiu, porém, que investimentos em outros setores não serão abandonados. “Os volumes recuperáveis estimados de óleo e gás, se confirmados, elevarão significativamente a quantidade de óleo existente em bacias brasileiras, colocando o Brasil entre os países com grandes reservas de petróleo e gás do mundo”, diz nota oficial da Petrobras.
Expectativa
Os sonhos não são nada modestos. Segundo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, se descobertas similares forem feitas na mesma área geológica, o país poderia entrar para o top ten de uma das indústrias mais poderosas do planeta. Nesse caso, as reservas do país cresceriam 55 bilhões de barris e o Brasil subiria do atual 24º lugar no ranking para a 8ª ou 9ª colocação, ficando entre Nigéria e Venezuela.
Apenas o campo gigante de Tupi tem aproximadamente o dobro do tamanho de Roncador, na Bacia de Campos, a maior descoberta de petróleo brasileira até então, com reserva de 3 bilhões de barris de petróleo. A descoberta, apontada como histórica, acrescenta mais 50% nas reservas do país, que somam 14,4 bilhões de BOE (Barris de óleo equivalente, contando petróleo e gás), a maioria óleo pesado.
Com a descoberta do campo gigante de Tupi, e a perspectiva de que jorre petróleo de outros campos na região, o CNPE decidiu suspender a licitação de 41 blocos para exploração, exatamente aqueles localizados dentro desse campo — que fica a mais de 250 km da costa, a profundidades de até 7 mil metros. Outros blocos irão a leilão este mês. Dilma justificou a decisão afirmando que o governo defendia o “interesse e a soberania nacional”. “Estamos fazendo algo que todos os países do mundo fariam no nosso caso”, afirmou, para quem, se não suspendesse a licitação nessas áreas estratégicas, o governo estaria cometendo “um crime contra os interesses do país”. Segundo ela, “há indícios” de que existem outros campos como Tupi dentro dessa província petrolífera. Os 41 blocos excluídos estão em áreas chamadas de “elevado potencial”.
Qualidade
Ao contrário da maioria do petróleo disponível no Brasil, o óleo encontrado (tipo leve, classificação 28 graus API) é equivalente ao melhor óleo da Bacia de Campos, ainda que não chegue a ser super leve (35 a 40 graus). Quanto mais próximo de 50 graus mais leve é e, portanto, mais fácil de refinar. A Petrobras diz que já tem tecnologia para explorar a área, mas precisa reduzir o elevados custos, devido à grande profundidades, mais de seis quilômetros, debaixo de uma camada de sal.
A estatal é operadora de Tupi com 65% do capital, em parceria com a BG Group (25%) e a Petrogal/Galp (10%). A Petrobras produz cerca de 1,8 milhão de barris de petróleo por dia, mas precisa importar petróleo leve para misturar com o produto local, mais pesado no processo de refino.
33 anos de óleo e gás
As possibilidades abertas com a descoberta de Tupi impressionam. Ao nível das reservas conhecidas e do consumo atual, o país tinha petróleo para 21 anos até seu esgotamento. Com a incorporação da Bacia de Santos ao estoque, que aumentará 58% usando-se a medida de 8 bilhões de barris potenciais, o tempo de consumo se dilata para 33 anos. O país sai de 14º para 8º ou 9º no ranking global.
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