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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Governo comemora, PSDB fica na parede


Famoso por ficar em cima do muro, o PSDB terá que descer dele nos próximos dias e tucanos terão de seduzir tucanos. Lideranças tucanas no Senado ficaram seduzidas com as propostas apresentadas ontem pelo governo para que o partido vote a favor da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 2011.

A sedução, porém, esbarra na própria bancada do Senado e na da Câmara. Senadores e deputados do PSDB não admitem negociar a aprovação do imposto do cheque. E prometem resistir à negociação iniciada na semana passada pelo líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), pelo presidente da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), e pelo futuro presidente, senador Sérgio Guerra (PE).

Sob pressão dos governadores do partido, favoráveis à CPMF, os três não querem assumir o ônus de um acordo com o Palácio do Planalto e jogaram a responsabilidade para a Executiva Nacional. Em reunião na próxima terça-feira, a cúpula do partido decidirá se aceita ou não as propostas do governo. O órgão é composto por 21 integrantes da legenda, incluindo sete deputados, e cinco senadores. Integrante da Executiva, o líder do partido na Câmara, Antônio Carlos Pannunzio (SP), avisa que defenderá a posição dos colegas de Casa contrários à CPMF.

Os deputados sabem, entretanto, que a Executiva sofre forte influência dos dois governadores e presidenciáveis do partido, José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais), defensores do imposto. Aécio e Serra não são titulares, mas possuem seus aliados na cúpula.

O noivado
Ontem, Tasso, Virgílio e Guerra almoçaram, pela segunda vez em menos de uma semana, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na presença ainda do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

No encontro, Mantega colocou na mesa a proposta do governo. A que mais agradou os tucanos foi a que isenta de CPMF quem tem salário até R$ 1.640 e cria faixas salariais para deduzir do Imposto de Renda parte do que foi pago do imposto do cheque durante o ano. Em troca, o PSDB aceitou abrir mão da redução em 0,02 ponto percentual da alíquota atual de 0,38% em 2008.

Os tucanos avaliam que esse redutor era insignificante e apostam que a proposta de faixas de abatimento de CPMF no IR atende ao eleitorado do partido, a classe média. “A medida é interessante e premia quem paga Imposto de Renda”, disse Tasso. O discurso foi compartilhado pelos outros dois senadores.

Além dessa proposta, o governo confirmou o aumento em R$ 24 bilhões na saúde por meio da CPMF nos próximos quatro anos e entregou um pacote com mais sete medidas que tratam de redução da carga tributária e diminuição dos gastos públicos, como queriam os tucanos.

Para não cair nos braços do governo nesta semana, os três afirmaram, no entanto, que ainda aguardam os números finais do Palácio do Planalto até terça-feira, dia do encontro da executiva nacional. Mantega, por sua vez, prometeu entregá-los, principalmente as faixas salariais que poderão descontar a CPMF do IR. “Essas propostas são linhas mestras da negociação. Precisávamos de um aval do PSDB. Agora, vamos aprofundar os números”, disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Essas propostas são linhas mestras da negociação. Precisávamos de um aval do PSDB. Agora, vamos aprofundar os números
Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado

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