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terça-feira, 20 de novembro de 2007

Baixa renda já pode comprar carro zero

Classe C ampliou este ano em 11% o gasto médio com financiamento de veículos em relação a 2006

O brasileiro já pode comprar carro zero parcelado num prazo superior a oito anos ou 99 meses, pagando juros de 0,89% ao mês ou 11,21% ao ano. A taxa é inferior à Selic, a taxa básica de juros, que está em 11,25% ao ano. Isso permitiu que uma fatia expressiva da população de menor renda comprasse pela primeira vez um carro novo. Pesquisa da MSantos com 2,3 mil clientes em seis feirões de veículos revela que 43% dos compradores estavam adquirindo um carro zero pela primeira vez. Em 2006, a participação desse tipo de cliente não passava de 20%.

Um estudo da LatinPanel, empresa de pesquisa de consumo da América Latina, mostra que as famílias da classe C, com renda média mensal de R$ 1.384, ampliaram neste ano em 11% o gasto médio com financiamento de veículos em relação a 2006. A variação supera a registrada no período para a média da população, que foi de 8%.

O show dos carros

Montadoras lançam dez novos modelos e preparam-se para bater o recorde de três milhões de unidades produzidas

Retomada

Houve um tempo, e muitos certamente ainda se lembram dessa época, em que a compra de um carro zero-quilômetro era sinônimo de um tremendo esforço financeiro para a maioria das famílias brasileiras. Sua aquisição era pensada, planejada e tinha época certa para acontecer: de março a novembro, período em que as compras de Natal e as contas do início do ano estavam devidamente quitadas. Há dois anos, a curva mudou. Em 2005 e 2006, surpreendendo o mercado, dezembro se consagrou como o melhor mês de vendas do período. Este ano, a indústria não está poupando esforços para repetir a dose. Novembro e dezembro, que antes eram excluídos do calendário de lançamentos das montadoras, foram escolhidos para a apresentação de cerca de dez novos modelos. Dentre eles, o novo Siena da Fiat, a nova versão da picape Frontier da Nissan, o Sandeiro da Renault – um carro completamente desenvolvido para o Mercosul – e a nova versão do EcoSport. O que está em jogo é a vontade da indústria automotiva de superar as inéditas marcas de três milhões de veículos produzidos e de 2,5 milhões de unidades vendidas ao mercado interno. E que ninguém duvide que as marcas serão batidas.

Comprar um carro no Brasil nunca foi tão fácil. As empresas ampliaram o leque de produtos, a garantia de fábrica foi estendida a três anos e os bancos das montadoras passaram a financiar 100% do veículo sem entrada e com prazo de até 84 meses. “A previsibilidade da economia favoreceu a expansão do crédito e os consumidores passaram a encontrar a prestação adequada ao tamanho de seu bolso”, afirmou Jackson Schneider, presidente da Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no País. Para o ano que vem, o dirigente acredita que as vendas da indústria continuarão a crescer, mas em um ritmo menor do que os 25% previstos para este ano. Cledorvino Belini, presidente da Fiat, aposta em 20%. “Nunca o Brasil e a Fiat estiveram tão bem”, disse ele. Para dar conta da demanda, a montadora investirá R$ 5 bilhões de 2008 a 2010, parte a ser usada na fábrica da Argentina que será reativada para a produção do Siena e de uma picape feita em parceria com a indiana Tata Motors. No Brasil, ele garante, não há planos de expansão, mas em Minas Gerais crescem os boatos de que a empresa está prestes a construir nova fábrica.

2,5 MILHÕES de carros devem ser vendidos este ano no País, segundo a Anfavea

Outra empresa que está aproveitando melhor sua capacidade é a Ford. Com a fábrica de Camaçari trabalhando em três turnos, a montadora trouxe para São Bernardo do Campo a produção do novo compacto da marca a ser lançado no início do ano que vem. “A perspectiva de crescimento sustentável para os próximos anos trará novos investimentos e novos produtos”, adianta o presidente da Ford, Marcos Oliveira, que iniciou 2007 com plano de investimento de US$ 2,2 bilhões para os próximos cinco anos. E até quem atravessou momentos difíceis teve que dar o braço a torcer. Caso da Volkswagen. Além de rever as demissões programadas, Thomas Schmall, presidente da montadora no Brasil, ampliou os investimentos programados no Brasil em 28% para R$ 3,2 bilhões, anúncio que foi feito durante o Seminário Perspectivas da Auto- Data Editora para uma platéia repleta de fornecedores. Agora está nas mãos deles, os fornecedores, suprir a demanda das montadoras e garantir o crescimento da indústria.

Como se vê, o momento para quem compra e para quem vende carros não poderia ser melhor. Não é à toa que, em sua despedida do Brasil, Ray Young, ex-presidente da General Motors, confessou: “Nunca esperei deixar o Brasil tão bem. Vou sentir saudades.” E olha que Ray sempre foi um dos mais otimistas.

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