Pages

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Na África, Lula pede que FMI e Bird fiquem a serviço do "desenvolvimento"


No primeiro dia da sua sétima visita oficial ao continente africano, o Presidente Lula foi o principal convidado de um colóquio internacional sobre democracia e desenvolvimento na África, organizado para comemorar os 20 anos no poder do presidente de Burkina Fasso, Blaise Compaoré. O líder burquinense chegou ao poder por meio de um golpe de Estado que incluiu o assassinato do antecessor, Thomas Sankara. Com a aprovação de uma nova constituição em 1991, Compaoré foi eleito sucessivamente três vezes, a última em 2005.

Lula retribuiu ontem visita feita por Compaoré ao Brasil em 2003, sendo o primeiro Presidente brasileiro a visitar Burkina Fasso, um dos países mais pobres da África e do mundo, com Produto Interno Bruto (PIB) de apenas US$ 5,9 bilhões para uma população de 14,3 milhões de habitantes, dos quais mais de 75% analfabetos. Ganhou o apoio de Compaoré para sua cruzada em favor de uma cadeira permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e também para a eleição do brasileiro Antonio Cançado Trindade para a Corte Internacional de Justiça.

Em troca, Lula prometeu apoiar Compaoré para que seu país, situado na África Central subsaariana, tenha um assento não-permanente no Conselho de 2008 a 2010. O Presidente brasileiro defendeu uma reformulação dos organismos criados na conferência de Breton Woods (EUA), após a Segunda Guerra Mundial, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird), de modo a que eles coloquem seus recursos "a serviço do desenvolvimento" e não da "ortodoxia" econômica.

Lula renovou a aliança do G-20, liderado pelo Brasil, com países africanos, como Burkina Fasso, contra o protecionismo dos países ricos na área agrícola no âmbito da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), que tenta encontrar um caminho para liberalizar o comércio mundial.

Lula chegou a Uagadugu às 8h45 de ontem, com quase uma hora de atraso. Sob calor escaldante - Burkina Fasso fica na margem ocidental do deserto de Saara e é freqüentemente assolado por secas -, foi recebido com honras militares por Compaoré e todo o seu ministério. Após a cerimônia dos hinos, reclamou do calor de 37 graus. Compaoré o consolou: "Fique tranqüilo que ao meio-dia estará 45 (graus)."

A presença de Lula foi o ponto alto das comemorações dos 20 anos do golpe militar que colocou Compaoré no poder. No poder pela via eleitoral a partir de 1991, Compaoré governa com um estilo fortemente apoiado no culto à personalidade. Seu retrato está por todas as partes, especialmente nas roupas daqueles que participaram das manifestações festivas de boas vindas ao Presidente do Brasil. Em toda a visita, em apenas um momento Lula disse uma frase que poderia ser interpretada como uma crítica ao presidente de Burkina Fasso: "Nos deparamos com o exercício abusivo do poder em muitas partes", disse, quando falava no colóquio sobre democracia.

Na visita oficial a Burkina Fasso, Lula também abriu um encontro empresarial entre os dois países com o objetivo de tentar ampliar as hoje quase inexistentes relações comerciais entre o Brasil e Burkina Fasso. As trocas bilaterais em 2006 não chegaram a US$ 6 milhões. A economia burquinense é baseada na agropecuária, especialmente de algodão, produto do qual o país é o maior produtor africano.

Lula aproveitou para vender o programa brasileiro de etanol e de biodiesel como forma de garantir segurança energética para os países africanos. O Brasil tem interesse em vender tecnologia tanto de biocombustíveis como de geração hidrelétrica.

Lula ficou pouco tempo em Burkina Fasso, 18 país africano que visita. Em menos de 12 horas, não teve tempo de conhecer a capital, Uagadugu. Talvez por andar quase que só do aeroporto para o luxuoso hotel Sofitel Ouaga 2000 e dali para o suntuosíssimo palácio presidencial de Campaoré, tenha elogiado a beleza do país sem ter observado a extrema pobreza da cidade, quase uma enorme favela.

Lula defendeu a democracia e atacou as guerras que assolam os países africanos. "Se em vez de compramos pão, comprarmos canhão" não iremos alcançar o desenvolvimento, disse em um dos seus discursos. Antes do almoço, assinou sete acordos de cooperação, em áreas agrícolas como da soja, cana-de-açúcar e algodão, na área da saúde e até nos esportes, incluindo o futebol. Antes de embarcar para a República do Congo, que também visita pela primeira vez, abriu a primeira semana do cinema brasileiro em Burkina Fasso

By Helena™

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração