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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O super-vilão Renan Calheiros é apenas um personagem da novela Jornal Nacional

Todos nós temos amigos, em casa, no trabalho, na família que estão "envenados" contra Lula, contra Renan e outros, pelas campanhas da imprensa.

Esse post é dedicado a todos esses nossos amigos (sem ironias). É uma forma de ver as coisas pelo outro lado.

Defender o mandato de Renan, nunca foi defender Renan.

As pessoas podem fazer campanha contra ele nas eleições, mas quem é legalista defende mandatos até de inimigos, enquanto forem legítimos.

O caso do Renan ainda tem um agravante. Ele é Senador, representa um Estado: Alagoas. De repente, a imprensa predominantemente do sul-sudeste-brasília (sequer são de Alagoas) resolveu derrubá-lo sem provas. E os eleitores de Alagoas, não valem nada?

Façam um teste respondendo 3 perguntas:

1) Por que até 4 meses atrás Renan Calheiros era aceitável para presidir o Senado?
2) Há 4 meses atrás o Senado tinha uma moralidade aceitável, e de 4 meses para cá, foi Renan quem denegriu e corrompeu todo o Senado?
3) A cassação ou não de Renan seria a linha divisória entre a moralidade e imoralidade no Senado?

Qualquer que seja a resposta, confira se bate com a histeria que a imprensa fez sobre o caso.

A indignação que a imprensa despertou nas pessoas é contra o persongem super-vilão Renan Calheiros, criado durante esses 4 meses.

É porque o noticiário nos impôs diuturnamente durante 4 meses a obrigação de tornarmos Renanólogos (estudiosos de Renan Calheiros), especialistas em sua biografia, juízes de suas condutas, tivemos que acreditar que tudo que existe de ruim foi feito por Renan, tivemos que canalizar sentimentos contra Renan Calheiros que não são nossos, e não são exatamente contra ele. E a maioria de nós nem somos eleitores em Alagoas.

Lembra aquela coisa de matéria escolar que não gostávamos de estudar, e pegávamos um professor rigoroso muito além do razoável, que nos obrigava a monopolizar horas e horas de estudo naquela matéria, e por muito pouco não éramos reprovados? Como resultado, se já não gostávamos da matéria, passávamos a odiá-la. Assim foi feito com a "matéria" Renan.

O assunto Renan Calheiros entrou nas nossas conversas, nas nossas vidas. Tivemos que opinar e tomar posições sobre Renan.

De repente a vida extra-conjugal de Renan Calheiros entrou nas nossas casas pela TV ou pelas letras.

Os negócios particulares de Renan Calheiros vasculhados tiveram que passar pelo nosso crivo.

Tudo o que não gostamos foi associado a Renan Calheiros, e ficamos expostos por 4 meses ao que não gostamos. Passamos a odiá-lo.

Todo cidadão brasileiro que acompanha a política, sempre soube que Renan Calheiros segue o padrão político das oligarquias políticas. Isso envolve a busca de controlar o poder político regional, com apoio do poder econômico, controlar os meios de comunicações locais, e ter controle sobre os órgãos do Estado com nomeações. É praticamente o padrão de atuação política da maioria dos Senadores (e não só do Nordeste).

Denunciar essa prática política é apenas constatar o óbvio, para quem já acompanha algum tempo o noticiário político.

E lutar contra essas práticas é o que nós, que estivemos do lado de Lula, sempre fizemos em todas as eleições, mesmo quando ele perdia.
E é o que a imprensa nunca fez. O próprio Renan foi eleito em Alagoas em 2002 apoiando José Serra para presidente. Quem pedia votos para Renan era Serra, quem pedia votos para Serra era Renan. E Alagoas foi o único Estado em que Serra venceu Lula em 2002.

A imprensa contaria algo que não soubéssemos, se dissesse com todas as letras: Renan cometeu os crimes tais... e fecharia matéria com um xeque-mate se colocasse a opinião de um advogado que indicasse como deveria ser processado com base no artigo tal do código tal, e sujeito a receber a pena tal.

A imprensa não fez isso, porque não tinha isso para oferecer. Só tinha hipóteses, mas não tinha provas. Ou esperou que as provas aparecessem encorajadas pelo próprio noticiário. Não apareceram. A absolvição era o caminho natural.

Muitos de nós pensamos que Renan Calheiros ou outros Senadores seriam bem capazes de fazer tudo aquilo que o noticiário disse.

Mas não dá para cassar um MANDADO POPULAR apenas porque achamos que o detentor desse mandato seria capaz de fazer malfeitorias, sem comprovação de que as tenha feito. Isso seria o retorno do AI-5 comandado pela imprensa.

A imprensa fez denúncia adjetiva, tais como falta de "decência", falta de "ética", de "vergonha", etc. Associada a suposições enrredou uma espécie de novela política.

Isso é técnica de marketing político usada no horário eleitoral gratuíto por adversários. Mas os veículos de comunicação que deveriam ser apartidários, adotaram esse expediente fora do horário eleitoral oficial dos partidos de oposição.

Quem seguiu a novela política Renan Calheiros no Jornal Nacional, ou nas páginas da Veja, está frustado (e não exatamente indignado) porque o personagem super- vilão não teve o final que o autor induziu o espectador a desejar.

Indignação de verdade é pressionar por reformas no sistema eleitoral, pelo financiamento de campanha feito exclusivamente pelo TRE (público), nos ritos jurídicos que garantam punição para todos os casos de corrupção, pela transparência nas contas do orçamento do Senado.

A imprensa querer nos fazer acreditar que a cassação de Renan restabeleceria a moralidade no Brasil, chega a ofender a inteligência de qualquer um de nós.

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