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terça-feira, 21 de agosto de 2007

Casa para a classe média,juro menor e 20 anos para pagar

Enquanto os EUA vivem uma crise imobiliária, com reflexos no mundo todo, no Brasil, governo estuda ampliar financiamentos

O governo está longe de se deixar abater pela estouro da crise imobiliária nos Estados Unidos que varreu mundo e deixou um rastro de prejuízos. O Palácio do Planalto autorizou a Caixa Econômica Federal a fazer financiamente para casa com juros menor, para a calsse média. Nos próximos dias, a instituição, controlada pelo Tesouro Nacional, anunciará mudanças nas linhas de financiamento da casa própria com recursos da caderneta de poupança. Se não houver nenhum imprevisto, o prazo dos contratos saltará de 15 anos para até 20 anos, prazo já adotado pelo maioria dos bancos privados. Também haverá ligeira redução nas taxas de juros. “As novas regras já estão praticamente formatadas”.

A instituição separou, para este ano, R$ 5 bilhões da caderneta de poupança para o financiamento de imóveis novos e usados, terrenos e construção. Esse dinheiro é direcionado a famílias com renda mensal acima de R$ 4,9 mil, por meio de cartas de crédito. Nas linhas para a compra de imóveis de até R$ 130 mil, as taxas de juros variam entre 9,56% e 11,4% ao ano acima da variação da Taxa Referencial (TR). Para empreendimentos avaliados em mais de R$ 130 mil, os encargos vão de 10,9% a 11,4% ao ano, também acima da TR. As cartas de crédito correspondem a, no máximo, 80% do valor dos imóveis. “As nossas condições de financiamento já estão entre as melhores do mercado. Mas sempre é possível fazer ajustes em favor dos compradores”, afirmou o executivo da Caixa.

Ele ressaltou que o mercado imobiliário está superaquecido. De janeiro a julho deste ano, somente por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), com dinheiro da caderneta, a Caixa liberou R$ 3,181 bilhões para a compra da casa própria, volume 48% superior aos R$ 2,156 bilhões emprestados em igual período de 2006. Na mesma comparação, o número de imóveis financiados saltou de 48.819 para 58.882. Nos 13 primeiros dias de agosto, foram liberados outros R$ 251 milhões.

Renda e emprego

Na avaliação do superintendente-técnico da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Pereira Gonçalves, tanto a Caixa quanto os bancos privados fecharão ao ano com empréstimos recordes para a casa própria. “Nossa meta é liberar R$ 15 bilhões em recursos da caderneta de poupança”, afirmou. Para ele, existem dois aspectos positivos que sustentam o incremento dos financiamentos imobiliários. Primeiro: com o aumento da renda e do emprego, o risco das operações diminuiu bastante — em julho último, a taxa de inadimplência atingiu 4,9% dos contratos, contra 11,2% de 2003. Segundo: com a estabilização da economia e a queda dos juros, os bancos não estão mais dependentes da caderneta de poupança, pois encontraram outros instrumentos de captação de recursos para atender a clientela, entre eles, os fundos imobiliários.

“Hoje, se a caderneta não estivesse crescendo, o elevado retorno dos financiamentos imobiliários já seria suficiente para viabilizar um novo empréstimo, devido à queda da inadimplência”, assinalou Gonçalves. Ele destacou que, juntos, Caixa e bancos privados — alguns, com prazo de pagamento de até 25 anos — liberaram R$ 8,524 bilhões para a casa própria nos sete primeiros meses do ano. Em relação a janeiro e julho de 2006, quando os empréstimos totalizaram R$ 4,961 bilhões, o incremento foi de 71,8%. “Ficamos muito próximo dos 100 mil imóveis financiados. Foram exatos 98.757”, enfatizou o superintende da Abecip.

Tanto ele quanto os executivos da Caixa não acreditam na possibilidade de o mercado imobiliário brasileiro ser afetado pela crise financeira que atormenta o mundo, já que se trata de um setor muito ligado à economia interna, que está em franca expansão, podendo registrar crescimento de 5,2% neste ano, segundo a previsão do presidente do Bradesco, Márcio Cypriano. “Programamos R$ 3 bilhões para o financiamento da casa própria em 2007. Mas se tivermos demanda, ultrapassaremos esse limite tranqüilamente”, avisou o comandante do maior banco privado do país.

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