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quinta-feira, 2 de agosto de 2007

E agora imprensa brasileira? Vão pedir desculpas ao Presidente?: Caixas-pretas apontam falhas mecânicas

Degravação de diálogos levanta suspeita de problema em freios e turbina do Airbus da TAM. Uma trágica seqüência de erros teria provocado o acidente do vôo 3054 da TAM que matou 199 pessoas, afirmam especialistas em segurança de vôo, com base nos dados registrados pela caixa-preta do Airbus A-320 que explodiu contra um prédio da companhia. A degravação dos diálogos nos últimos momentos do vôo, divulgada ontem pela CPI do Apagão Aéreo, mostra indícios de ao menos duas dessas falhas. Os spoilers – freios aerodinâmicos localizados acima das asas da aeronave – não teriam respondido ao comando do piloto. De acordo com o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul, a caixa-preta também revela que a turbina direita do avião – a mesma que estava com o reverso danificado – acelerou, ao invés de reduzir a velocidade, no momento do pouso da aeronave.

Normalmente, os spoilers são acionados de forma automática assim que o trem de pouso de uma aeronave toca a pista do aeroporto. Para que isso aconteça, os manetes devem ser colocados em ponto morto – posição idle, na linguagem aeronáutica – pelo piloto antes do momento do pouso.
A falta de resposta dos spoilers do Airbus da TAM levantam duas possibilidades. Uma é a falha mecânica do avião, cujo sistema não teria reconhecido a mudança de posição dos manetes. A outra é a falha humana – o piloto não teria colocado a aeronave em ponto morto.

Os últimos segundos de gravação dos diálogos de cabine mostram que o computador do avião deu repetidos sinais para o piloto mudar a posição dos manetes. Logo em seguida, pouco antes do pouso em si, aparecem ruídos que indicam movimento no mecanismo – o piloto teria, em tese, colocado os manetes na posição correta. Seis segundos depois, já em solo, o comandante da aeronave percebe que os spoilers não estão funcionando. Tenta frear, sem sucesso, e a caixa-preta registra o desespero na cabine do avião. Momentos depois, a aeronave se choca contra o prédio da TAM e explode.

Amparados pela análise preliminar do brigadeiro mais a conversa entre a cabine do avião e a torre de controle do aeroporto de Congonhas, parlamentares da comissão acreditam que falhas mecânicas prejudicaram a frenagem do Airbus. "Os dados apontam mais para falhas no equipamento da aeronave do que falha humana. O piloto não tinha um dos reversos, os freios não funcionaram. Isso é pane da aeronave", acredita o deputado Miguel Martini (PHS-MG), controlador de vôo aposentado. Outra evidência, diz o congressista, está no comportamento da turbina defeituosa do avião. Em sessão secreta da CPI para analisar os dados técnicos da caixa-preta, o brigadeiro Jorge Kersul teria afirmado que a turbina acelerou, em vez de reduzir a velocidade, no momento do pouso. A possibilidade de falha humana também é minimizada por especialistas. "É uma análise maliciosamente ingênua atribuir a culpa ao piloto diante de problemas tão severos", diz o consultor em segurança de vôo Jorge Barros. "Não acredito que um piloto com experiência tenha simplesmente esquecido de mudar a posição dos manetes. A hipótese mais provável é de falha no sistema eletrônico do avião", afirma o consultor. "Os pilotos cumpriram o procedimento padrão de pouso e estão claramente lidando com um comportamento inesperado da aeronave. Se mostram surpresos com a falha nos spoilers e tentam frear. É um indício forte de falha mecânica, sem dúvida."

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