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segunda-feira, 28 de maio de 2007

O terror tucano

Na segunda metade da década de 90, século passado, FHC compareceu a um encontro de lideranças de "esquerda" promovido pelo Departamento de Estado em Washington. Os Estados Unidos ainda não haviam se transformado em Texas e estado agregados, mas caminhava para tanto.

FHC foi saudado e apresentado como expoente da "nova esquerda".

Em 1992, quando o governo Collor começava fazer água, o então senador Fernando Henrique foi chamado por Collor, do esquema da "nova esquerda", para exercer funções semelhantes às de um primeiro ministro. O objetivo era salvar o governo em franco processo de naufrágio.

FHC aceitou e o fato só não se consumou por conta de reações dentro do próprio partido, o PSDB, Mário Covas à frente. FHC nunca perdoou Covas por isso.

Na bananice que foi o governo Itamar Franco, FHC chegou onde queria e desejava, sob as bênçãos do capital internacional e das idéias da "nova esquerda". Inventou o Plano Real que enriqueceu meia dúzia de figuras de proa do tucanato, alguns banqueiros (mais do que já eram) e amigos do peito.

Pegou o patrimônio público, vendeu e levou o Brasil (ainda não se chamava Roça de Cana) a integrar a tal nova ordem.

Comprou uma reeleição, pagou mensalão, permitiu a corrupção grossa e solta para não atrapalhar a privatização. Tolheu os movimentos da Polícia Federal. Comprou a peso de ouro apoio de figuras como Jader Barbalho para evitar a instalação de CPIs no Congresso, enfim, a bandalheira tucana, única e insubstituível em hipocrisia.

Autoritário, prepotente, vaidoso, FHC deixou o governo pela porta dos fundos para evitar que uma grande vaia, em janeiro de 2003, fechasse a ata de seus oito anos de entrega e corrupção.

José Serra foi ministro do Planejamento e depois da Saúde. Saiu do Planejamento, pois não aceitou submeter-se a Pedro Malan, funcionário qualificado do FMI (Fundo Monetário Internacional) designado para a pasta da Fazenda. Não foram divergências quanto à política econômica, mas quanto ao centro do palco.

Serra, como FHC, é arrogante, vaidoso, permite que a corrupção corra solta, não cumpre a palavra e confunde eficiência com truculência.

É o que se vê no episódio da ocupação do prédio da Reitoria da USP.

Governador, tratou de criar uma Secretaria de Ensino Superior, espécie de camisa de força da iniciativa privada sobre as universidades públicas estaduais. Parte do acordo com as grandes empresas multinacionais que financiaram sua campanha.

Quer transformar a universidade pública, como fez FHC, em instrumento do tal mercado. Pesquisa apenas sobre qualidade do papel higiênico, da pasta de dente, dos sabonetes de nove entre dez estrelas e vai por aí afora.

O governador de São Paulo trabalha 24 horas por dia para ser o próximo presidente da República. Quando foi eleito prefeito da capital paulista, assinou um documento dizendo que cumpriria o mandato integral. Rasgou a promessa quando se candidatou ao governo do Estado. É típico de tucanos, falta de caráter.

A decisão de invadir o prédio da Reitoria (quando escrevo a invasão não havia acontecido, estava apenas decidida pela reitora e pela Polícia) lembra os piores momentos de uma figura marcada pela barbárie com que agia, esquadrões da morte, tortura, o coronel Erasmo Dias.

Reitora e Polícia obedecem a ordens diretas do Palácio dos Bandeirantes.

A mídia, como sempre, dócil e no bolso dessa gente. Falo dos donos, não falo de Serra. Esse é apenas um capataz que tenta mostrar-se o mais confiável dentre todas as alternativas que o capital internacional dispõe.

A reitora Suely Vilela corre o risco, no caso da invasão ter acontecido, de inscrever seu nome nesse triste rol de figuras lamentáveis e deploráveis que contribuem para que a universidade pública se transforme em filial ou departamento de empresas multinacionais.

A ocupação é um ato legítimo de defesa da autonomia universitária. Não existe alternativa para essa luta. O modelo institucional está falido e serve apenas a esses senhores.

Vide toda essa bandalheira que permeia Executivo, Legislativo e Judiciário. Minoria como costumam dizer? Mas e daí? Não muda nada.

Basta dizer que Serra é governador de São Paulo. Aécio de Minas e, um monte deles, no terror tucano.

*Laerte Braga especial para o blog Os Amigos do Presidente Lula.

**Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

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