Pages

sexta-feira, 23 de março de 2007

R$ 16 mil para os deputados

Bastou o assunto aumento de salário ganhar as manchetes para os deputados sumirem do salão verde. Vários deles entraram correndo no plenário, marcaram a presença e voltaram para a chapelaria para seguir de carro até o gabinete no anexo. Assim, não precisariam passar pelas câmeras de TV prontas para colocar o rosto deles coladinho no aumento. Novato na Casa, quem terminou dando algumas explicações foi o deputado Sylvio Costa (PMN-PE).

Numa articulação discreta, mas combinada com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara aprovou por unanimidade, na manhã de ontem, projetos de decreto legislativo reajustando em 68,5% o salários dos deputados. Com o reajuste, que ainda precisa ser aprovado no plenário das duas Casas Legislativas, os vencimentos dos deputados, hoje em R$ 12.847,20, passam para R$ 21,650,00. É que além de aumentar os salários para R$ 16.250,42, a Comissão permitiu que R$ 5,4 mil, o equivalente a um terço de um dos subsídios dos parlamentares, a chamada verba indenizatória, possa ser utilizado sem a necessidade de apresentação de notas fiscais. Ou seja, na prática, o deputado incorpora a sua renda mensal mais esse valor.

Na mesma sessão, a Comissão de Finanças aprovou ainda um reajuste 26,49% no salário dos senadores, do Presidente da República, do vice-presidente e ministros. Se aprovada nos plenários da Câmara e Senado, a remuneração do presidente da República salta de R$ 8.885,48 para R$ 11.239,24,( E esse merece porque trabalha) e a do vice-presidente e dos ministros, atualmente em R$ 8.362,80, chega a R$ 10.578,11. Autor dos projetos, o presidente da Comissão, deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), disse que o objetivo era corrigir os salários com base no IPCA acumulado entre janeiro de 2003 e fevereiro de 2007. Embora o deputado tenha assegurado que se tratou de uma "decisão pessoal", a iniciativa de colocar os projetos em votação foi combinada com o Arlindo. Segundo um integrante da Mesa da Casa, "Chinaglia não quis assumir o desgaste da medida", embora a cúpula da Câmara já discutisse o assunto há mais de duas semanas. De acordo com a fonte, o petista só não teve responsabilidade pelo projeto que permite que um terço da verba indenizatória possa ser embolsada sem comprovação. Daí a sua irritação, ontem, ao ser questionado sobre o assunto. "Esse negócio de não apresentar nota fiscal (sobre R$ 5,4 mil) sou contra", disse.Indagado se tinha conhecimento da votação dos projetos na Comissão de Finanças, Chinaglia foi contraditório. Primeiro disse ter sido "surpreendido". Em seguida, admitiu que foi informado por Virgílio, na noite de quarta-feira. "Fui informado mas não sabia do inteiro teor dos projetos, nem quando eles seriam votados", garantiu.

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração