R$ 12,8 mil mensais de salário, R$ 50,8 mil de verba de gabinete, R$ 15 mil de verba indenizatória, R$ 3 mil de auxílio-moradia, R$ 4,2 mil para despesas com telefone e correspondências, de R$ 6 mil a R$ Tudo pronto para aumentar salário
Deputados podem votar hoje projeto que eleva o valor dos vencimentos dos parlamentares a R$ 16,2 mil. O privilégio de não apresentar notas fiscais até R$ 5 mil das verbas indenizatórias ainda deve demorar
Forma torta, linhas certas
Deputados podem votar hoje projeto que eleva o valor dos vencimentos dos parlamentares a R$ 16,2 mil. O privilégio de não apresentar notas fiscais até R$ 5 mil das verbas indenizatórias ainda deve demorar
Forma torta, linhas certas
O novo episódio da novela dos salários dos deputados revela um festival de hipocrisia. Primeiro, porque não há um só deputado que não o queira, embora alguns digam de público o contrário. Segundo, porque a discussão é feita de forma torta pelas linhas certas. Ou seja, não é que um deputado ganhe muito — nem o crítico mais ácido supõe isso com razoabilidade. O que incomoda é o fato de eles legislarem em causa própria. Ainda mais que isso acontece quase sempre no pior momento possível.
O assunto pode ser bem medido por um episódio protagonizado pelo deputado Virgílio Guimarães (PT-MG). Ele é o mentor dos projetos de decreto legislativo aprovados pela Comissão de Finanças na semana passada. As propostas não só reajustam em 26,5% os salários dos deputados, como liberam uma parte da verba indenizatória sem comprovação de gastos.
Ontem de manhã, Guimarães telefonou a um dos deputados da comissão. Havia lido críticas públicas daquele colega aos projetos sobre o subsídio parlamentar. O petista mineiro explicou por que os patrocinou e deu a deixa. “Olha, se você quiser, me peça formalmente que eu preparo na hora um requerimento retirando a proposta e ela simplesmente deixa de existir.” O interlocutor respondeu: “Não, não, é melhor deixar como está. A celeuma já foi criada mesmo...”
Se engana quem pensa tratar-se de caso isolado. “Sou a favor, mas acho que agora não era hora”, repete-se pelos corredores.
A hora a que se referem não é mensurável. É apenas a saída de uma situação embaraçosa. Nenhum deles diz, por exemplo, que acontecimentos recentes — mensalão, mensalinho, sanguessugas — não os deixam merecedores do reajuste. Aí mora a questão. São eles que decidem se, quando e quanto merecem. E definir as próprias regras é algo percebido como injusto em qualquer lugar civilizado. 16,5 mil de passagens aéreas, mais décimo-terceiro, décimo-quarto, décimo-quinto...Enquanto nós...Bem, nós só somos lembrados em época de eleição, quando eles precisam do nosso voto.
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