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segunda-feira, 5 de março de 2007

Deputados dão emprego a 68 parentes por R$ 3,6 mi ao ano

Ao completar o primeiro mês da nova legislatura, a Câmara contabiliza ao menos 68 casos de familiares de deputados recém-nomeados ou que mantiveram seus empregos nos gabinetes. Com salários que variam de R$ 720 a R$ 8.040, os "assessores-parentes" representam um gasto anual de R$ 3,6 milhões aos cofres públicos. Levantamento da Folha nos boletins administrativos da Casa revela a preferência de 52 deputados em empregar os filhos, que representam 40% do total de familiares lotados nos gabinetes. Mas há de quase tudo: irmãos, mulheres, primos, sobrinhos, cunhados e até concunhada e ex-cunhada.

A maioria dos deputados que emprega seus familiares afirmou não ver imoralidade na prática e reagiu com irritação, sendo que alguns tentaram desvincular o funcionário de sua vida pessoal. Em muitos casos, a resposta foi a mesma: "Cunhado não é parente".
"Tem alguma lei que proíbe? Não é imoral porque ela está trabalhando. Quando houver mudança na Constituição, eu exonero e contrato outro", disse Nelson Meurer (PP-PR), que emprega a cunhada.

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que emprega familiares da mulher,por sua vez, chegou a xingar a reportagem

Veja abaixo as explicações:

Leandro Vilela (PMDB-GO): "Não vejo nenhum problema, o que não pode é ter um gabinete com dez ou 20 parentes. Nesse caso, cumprindo as funções, acho normal".
Leonardo Vilela (PSDB-GO): diz que a filha já foi exonerada.Não foi encontrado a publicação da saída.

Lobbe Neto (PSDB-SP): assessoria apenas confirmou que sua mulher trabalha em seu escritório no Estado.

Luiz Carlos Setim (PFL-PR)nomeou a mulher, Neide Maria, para um dos maiores salários do gabinete: informou por meio da assessoria que sua mulher "acompanha sua vida política".

Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB-ES): informou se tratar de um parente de terceiro grau.

Márcio Reinaldo (PP-MG): a assessoria informou que sua irmã trabalha como assessora no Estado.

Marco Maia (PT-RS): "Sou contra o nepotismo, mas o nepotismo em excesso. A lei não pode ser discriminatória com parentes, há casos e casos. No meu caso, o Roberto Tejadas é dirigente do PT desde 1988, é indicação do partido".

Mauro Lopes (PMDB-MG): "Meu filho é funcionário do Dnit e está fazendo um trabalho específico na Câmara. Ele é especialista em transportes e eu era o presidente da comissão de Transportes. Ele ganha só uma gratificação, de R$ 480, porque a lei não permite ele ser requisitado sem salário".

Nelson Meurer (PP-PR): "Tem alguma lei que proíbe? Não é imoral porque está trabalhando. Quando houver mudança na Constituição, eu exonero e contrato outro".

Neucimar Fraga (PR-ES): "Minha irmã trabalha comigo desde que eu era vereador. Dos meus 20 assessores, eu tenho uma irmã, e enquanto a lei permitir ela vai continuar".

Nilson Pinto de Oliveira (PSDB-PA): assessoria informou que o filho do deputado foi exonerado. A Folha não encontrou o registro de saída.

Osvaldo Reis (PMDB-TO): a assessoria informou que não houve interferência política do deputado na nomeação do seu filho para o gabinete do deputado peemedebista Tadeu Filippelli (DF).

Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE): assessoria informou que se trata de um ex-cunhado.

Roberto Balestra (PP-GO): "Nepotismo é muito difícil, parente é pai, filho e irmão. Se o funcionário trabalha com dignidade e honradez, não vejo problema".

Rodrigo Rollemberg (PSB-DF): disse que não houve interferência política porque seu sobrinho já trabalhava no gabinete do deputado Mauro Lopes antes de ele tomar posse de seu primeiro mandato.

Sandro Matos (PTB-RJ): "Ele [ seu irmão] é meu assessor de marketing, é meu braço direito e esquerdo. Nesse caso, não é um problema, mas uma solução pela responsabilidade dele".

Tadeu Filippelli (PMDB-DF): a assessoria argumentou que não se trata de familiar porque a funcionária é mulher do seu cunhado.

Vilson Covatti (PP-RS): informou por meio da assessoria que, "mediante à lei, cunhado não é parente".

Abelardo Camarinha (PSB-SP): "De 25 nomeações que eu tenho direito, nomeei um membro da família, que é minha irmã, que é meu braço direito há vários anos. (...) Não há nenhuma imoralidade nisso".

Flaviano Melo (PMDB-AC): "Ela [a mulher] é funcionária do Senado, quando eu cheguei lá, em 91, era divorciado, e ela era funcionária da Casa desde os anos 80. (...) Não é indicação minha, faço questão de não me meter nisso".

Ademir Camilo (PDT-MG): diz que a mulher era concursada como professora, em Teófilo Otoni (MG), e que foi cedida para a Câmara para acompanhar o marido.

Átila Lins (PMDB-AM): afirma que, enquanto não for proibido, não vê problema em contratar os dois filhos. "Um percentual que não chega nem a dez por cento [do que um deputado pode contratar]". Os demais deputados citados não responderam.

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