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terça-feira, 30 de janeiro de 2007

De quem é a culpa do buracão do Alckmin?

O Jornal Nacional de ontem, mostrou que recebeu com exclusividade, ao primeiro relatório de um engenheiro do metrô de São Paulo sobre o desmoronamento no canteiro de obras da linha quatro, que deixou sete mortos há pouco mais de duas semanas.Ele mostra que as empreiteiras - e o Jornal Nacional da Globo não dá os nomes das empreiteiras,[Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e OAS] - sabiam da instabilidade do terreno, mas não interromperam o trabalho e nem fizeram as obras de contenção a tempo.

Depois de 12 dias depois do desmoronamento, a comissão interna de prevenção de acidentes do metrô se reuniu neste canteiro de obras, no centro de São Paulo. Um dos presentes era o coordenador da Linha 4, o engenheiro do metrô Cyro Mourão Filho. Na reunião, ele apresentou um relatório, a primeira descrição oficial sobre o que aconteceu na Estação Pinheiros.“É uma sucessão, eu diria, uma sucessão de falhas de procedimento”, afirmou o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos.

A pedido da Globo, o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, membro da Sociedade Brasileira de Geologia, e o engenheiro Paulo Helene, presidente do Instituto Brasileiro do Concreto, decifraram os termos técnicos do relatório. Quinta-feira, 11 de janeiro, véspera do deslizamento: os engenheiros do metrô foram informados por um engenheiro do consórcio; as paredes do túnel estavam envergando, pressionadas pelo terreno. Ficou decidido que o túnel seria reforçado com tirantes, pinos de aço de três metros. No mesmo dia, começou a furação para a instalação dos pinos.

Quando a decisão de reforçar o túnel embaixo foi tomada, ainda não se sabia qual a causa da movimentação do terreno, o que não se sabe até hoje.Mesmo assim, a obra não parou. Enquanto uma equipe fortalecia o túnel, outra frente de trabalho continuava abrindo caminho na rocha com dinamite. Na sexta-feira, dia do deslizamento, às 11h, os fiscais do metrô souberam de uma detonação de explosivos, feita horas antes, a poucos metros de onde o túnel apresentava problemas. “Evidentemente que essa explosão causa vibrações na estrutura, um efeito dinâmico e isso pode ser um fator agravante. Isso é um fator agravante do colapso”, diz o presidente do Instituto Brasileiro do Concreto, Paulo Helene.

“Por uma precaução, os trabalhos de frente de obra deveriam ter sido interrompidos e a explosão não deveria ter sido feita”, acredita o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos.Ainda na sexta pela manhã, os fiscais constataram que a furação não estava pronta e os pinos de aço não tinham sido colocados. Poucos mais de três horas depois, o túnel ruiria. “O relatório diz claramente que não chegou a ser colocado nenhum tirante. Ou seja, no momento da ruptura, infelizmente, a operação de reforço não tinha sido realizada”, diz Paulo Helene.

Momentos antes do desmoronamento, placas de concreto se desprenderam do teto do túnel e, em seqüência, houve a ruptura do concreto que levaria o poço abaixo.Mas o relatório diz que naquela sexta-feira, nenhuma anomalia chamou a atenção dos fiscais do metrô. Não havia fissuras nas paredes, nem outros sinais de risco. “É muito difícil haver uma ruptura sem que nada antes se tenha percebido. As trincas nas casas, nós estamos numa área urbana, quer dizer, se fosse uma casa só. Foram várias casas que apresentaram essas trincas e, pelo relato dos moradores, essas trincas estavam aumentando”, conta Álvaro Rodrigues dos Santos.

Um operário do consórcio, ouvido no dia do desabamento, disse que na noite anterior recebeu ordem para maquiar rachaduras no túnel disse: "O túnel estava trincado e foi pedido para ter uma cobertura no túnel, na rachadura, para que a fiscalização não veja”, contou o operário.O problema começou antes da obra, diz o geólogo. O contrato prevê que o metrô pague um preço fixo e receba a linha pronta. “Do ponto de vista financeiro interessava ao consórcio, quanto mais correr, quanto mais encurtar esse cronograma ia aumentar sua margem de lucro, a margem de ganho. Isso tende a levar para a frente de obra, para a gestão de obra algumas atitudes que não são compatíveis com o reinado da segurança e da boa técnica”, afirma o geólogo.

Em nota, o metrô declarou que a comissão interna de prevenção de acidentes, a Cipa, não é competente para discutir o desabamento.O consórcio Via Amarela não quis fazer comentários porque não conhece o relatório que foi entregue para a Rede Globo.Mais de 20 pessoas já foram ouvidas no inquérito sobre as mortes e o Ministério Público investiga se houve negligência do metrô.Deputados da comissão de obras da Assembléia Legislativa esperavam ouvir, hoje, o presidente do metrô. Mas assessores da companhia informaram que ele não vai comparecer.

Helena

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