Valeu a pena e continuar valendo a pena lutar para se viver em um país democrático. É assim que eu vejo essa tarefa, essa missão como a mais importante que já recebi. (Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), no exercício da Presidência)
Ao exercer ontem a Presidência da República, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), conseguiu dois feitos invejáveis. Foi o primeiro comunista brasileiro a assumir o posto. Fato festejado com festa por 25 integrantes do PCdoB que o visitaram ontem no Palácio do Planalto. Aldo também levou os adversários do governo a uma inusitada homenagem ao presidente da República. O primeiro compromisso do dia em que ele assumiu o lugar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que viajou à Venezuela, foi uma palestra na Fundação Mário Covas, ligada ao PSDB, em São Paulo. Mas, no discurso, Aldo fez uma defesa eminentemente governista: pregou um entendimento com a oposição para acabar com guerra fiscal. “É uma guerra de todos contra todos”, argumentou. “Creio que vamos acabar com a guerra fiscal. É importante para São Paulo, é importante para Brasil e importante, inclusive, para o objetivo comum de todos nós, que é a redução da carga tributária”, defendeu. “Só alcançaremos uma solução de equilíbrio pelo pacto federativo que dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
Aldo foi homenageado por tucanos como Lila Covas, mulher do governador Mário Covas (morto em 2001) e por integrantes da legenda. Embora adversários, são gratos a Rebelo por ele mandar restaurar e reinagurar o busto de Mário Covas na Câmara dos Deputados. A visita fez parte de um ciclo de debates na fundação, que já estava marcada e coincidiu com o fato de Aldo assumir agora a Presidência. No dia em que fez história, Aldo bem que tentou manter o estilo discreto que o caracteriza. No Palácio do Planalto, evitou sentar-se na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Usou um sofá vermelho no gabinete presidencial para assinar despachos internos. Mas os companheiros do PCdoB fizeram questão de marcar festivamente a passagem do primeiro comunista pela Presidência da República. O presidente do partido, Renato Rabelo, levou 25 pessoas para visitar Aldo: parlamentares em exercício e eleitos, como a deputada federal eleita Manuela D’Ávila (RS), e integrantes da direção partidária. “Este momento tem valor simbólico muito forte. Na maior parte da história não podíamos nem aparecer e hoje estamos na Presidência da República”, explicou, empolgado, o presidente do PCdoB, referindo-se aos tempos de clandestinidade do Partido Comunista.
Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre 1979 e 1980, Aldo também recebeu a visita do atual presidente da entidade, Gustavo Peta, e do presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Tiago Franco. Peta presenteou o presidente da República em exercício com uma bandeira da UNE, que foi devidamente estendida na mesa de centro do gabinete presidencial. A mulher de Aldo, Rita Poli, e o filho, Pedro, de 14 anos, também acompanharam as mais de 30 horas do comunista como presidente da República. Pelo telefone, Aldo recebeu cumprimentos do governador de São Paulo, Claudio Lembo (PFL), e de parlamentares. Aldo entregou a Ordem do Mérito Desportista ao atleta Marilson Gomes dos Santos, primeiro latino-americano a vencer a maratona de Nova York (EUA). Não conseguiu esconder a emoção: “Valeu a pena e continua valendo a pena lutar para se viver em um país democrático. É assim que eu vejo essa tarefa, essa missão como a mais importante que já recebi.”
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