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segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Movimentos entram na campanha de Lula


Os movimentos sociais, voltam com força no segundo turno. "É uma questão de vida ou de morte", afirmou Frei Betto. "Não podemos deixar o governo voltar para os tucanos". Segundo Frei Betto, as pastorais ligadas à igreja progressista - que têm mais capilaridade que qualquer partido no país - estão "muito envolvidas". "É um movimento descentralizado e capilarizado", afirmou.

Stédile: "Alckmin representa a retomada do poder pelas classes dominantes e da hegemonia do capital financeiro"
Da mesma forma, o MST, que antes do primeiro turno havia se eximido de participar das eleições - embora reconheça que boa parte de sua base votou em Lula - tende a apoiar de maneira mais efetiva o PT, na reta final da disputa presidencial.Stédile afirmou que a opção por Lula é a opção por "derrotar a direita, derrotar a candidatura Alckmin", pois "Alckmin representa a retomada do poder pelas classes dominantes, para implementar de forma hegemônica o capital financeiro".

A Consulta Popular, que se intitula um "movimento político" - é uma espécie de fórum de movimentos sociais de esquerda que recusa a institucionalidade, como a opção de se transformar num partido político - também tende a aderir à candidatura Lula. Segundo um de seus coordenadores, o advogado Ricardo Gebrin. Agora, afirmou Gebrin, a coordenação nacional está consultando as regionais sobre a mudança de rumo. "Embora sabendo que o governo Lula não representa nenhum perigo ao grande capital, avaliamos que uma vitória de Alckmin traria três grandes problemas: a retomada do projeto da Alca, a criminalização dos movimentos sociais e também, do ponto de vista simbólico, a derrota de um candidato que é produto de um esforço histórico da luta popular".

A volta da militância social dá outro impulso à campanha de Lula, que assumiu, como estratégia nacional, levar a campanha para as ruas. Os prefeitos fazem parte desse esforço. No Rio Grande do Sul, o comitê estadual recomendou aos 40 prefeitos do partido tirarem férias para se dedicarem exclusivamente à campanha. Em Santa Catarina, a mesma recomendação foi feita a vices e detentores de cargos de confiança. A campanha de rua está sendo articulada no maior número de municípios e a recomendação geral é que se incluam os sindicatos e os movimentos sociais. Em Sergipe, o comitê de campanha realizou, na sexta, uma plenária com cerca de 5 mil pessoas, entre prefeitos, parlamentares e militantes de todos os partidos da coligação PT, PCdoB, PMDB, PL, PTB e PSB, segundo o presidente do diretório estadual, Márcio Macedo. No Rio Grande do Norte, o presidente do diretório estadual, José Geraldo Saraiva, afirma que a mobilização é por municípios e, dentro deles, por regiões. No Ceará, a frente municipal pró-Lula, que congrega 120 dos 184 prefeitos do Estado, é casada com a mobilização social.

Em São Paulo, um dos onze Estados onde o presidente perdeu, a campanha planeja para amanhã um grande ato na capital. A cobrança sobre o desempenho dos prefeitos paulistas aumentou com a nova coordenação da campanha no Estado, encabeçada por Marta Suplicy e, a exemplo do Rio Grande do Sul, alguns prefeitos cogitam licenciar-se temporariamente do cargo para dedicar-se em tempo integral à campanha. Os mais visados são os que estão no segundo mandato.

O coordenador da mobilização dos prefeitos no Estado, Elói Pietá, prefeitos de Guarulhos, vai tirar alguns dias de férias para cuidar da campanha de Lula. No primeiro turno, o prefeito também afastou-se temporariamente para trabalhar por Lula e pela candidatura da esposa à Assembléia.

Exemplo de votos usado pela coordenação da campanha paulista em reuniões, o município de Hortolândia conseguiu 67,36% para Lula, contra os 22,31% obtidos por Alckmin. O prefeito Ângelo Perugini diz que não pretende se afastar da função, mas fará se a campanha de Lula determinar.

A campanha de sua esposa, Ana Perugini, na disputa pela Assembléia Legislativa, ajudou a alavancar votos para o presidente. Mas o fundamental, avalia o prefeito, foram os programas como o Prouni, o Bolsa-Família e o Farmácia Popular. "Em Hortolândia, 85% da população ganham menos do que cinco salários mínimos. Os programas federais penetraram bem. Aqui é bem mais parecido com o Nordeste do que com o Estado de São Paulo", comentou. Na Grande São Paulo, a votação não foi boa para Lula., o prefeito avalia a possibilidade de afastar-se do cargo para se dedicar à campanha.


Helena

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