Pages

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Ladrão apóia ladrão


Você votaria em alguém que é apoiado pelo maior corrupto do Rio de Janeiro?

O apoio de Garotinho a Geraldo Alckmin chamou a atenção do país para a política do Rio – que, como se sabe, não é flor que se cheire. Mas não custa dar uma olhadinha também no eleitorado desse balneário.

Depois da foto com a família Garotinho, o discurso ético de Alckmin foi para o brejo. Talvez seja verdade. Um dos argumentos é o de que o tucano não teria mais como atrair os eleitores de Heloísa Helena, que lavou a égua no estado, com 17% dos votos (contra pouco mais de 6% no país). Aí começam as dúvidas. Por que a senadora alagoana fez a festa no Rio? O que quer esse eleitorado?

Um tucano de Pindamonhangaba teria que montar uma barraquinha no Posto 9 e ficar por ali uns dois anos (só saindo à noite para uma passada no Baixo Gávea e no Carioca da Gema) para entender como esse povo bronzeado vai às urnas. “O Rio é tradicionalmente de oposição”. Eis um dos princípios mais anacrônicos e melancólicos da política brasileira.

Não é de hoje. Anthony Garotinho já foi um desses ícones da esquerda bronzeada. Foi eleito governador em 98 porque tinha um jingle legal cantado por Beth Carvalho, descendia de Brizola e Darcy Ribeiro, andava com o policiólogo de esquerda Luiz Eduardo Soares e combatia os políticos tradicionais com sua fala mansa e sua cara de garotinho. Beth Carvalho, Darcy, Luiz Eduardo, oposição aos políticos? Esse cara só podia ser do bem. É assim que o Rio de Janeiro vota. E se orgulha de “ser oposição”. A que, não se sabe direito. Talvez a si mesmo.

Lula teve quase 50% dos votos do Rio. Detalhe: O Rio votou em Lula porque ele é , do bem e o Chico Buarque gosta dele. Na matemática praiana desse eleitorado, para essas mentes eternamente à beira de uma insolação, Lula ainda representa, a resistência aos poderosos.

O que faz um Jeca de Pindamonhangaba, que nunca pôs os pés no Bracarense – portanto um ser do mal –, para conquistar um eleitorado desses? Nada. Não há nada que Alckmin possa fazer. Aceitar as ovelhas de Garotinho talvez tenha sido desespero demais. É claro que Alckmin não vai virar um populista parasitário só porque aceitou o apoio de Garotinho – aquele que ontem era do bem e hoje é do mal. Mas agora, perante o eleitor do Rio, nem jingle de Beth Carvalho salva o tucano.

Geraldo , passará batido pela geléia geral do balneário. Não vai fazer a menor diferença.

Helena

1 Comentários:

Anônimo disse...

Este texto, com ligeira modificação, foi apropriado do site www.nominimo.com.br, que detém os direitos de publicação sobre a coluna de Guilherme Fiuza. O que NoMínimo publica é contratado com exclusividade pelos portais IG, iBest e BRTurbo. Sugiro a imediata retirada deste texto do ar. Isso é crime.

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração