Documento comprova esforço de Barjas Negri-PSDB- (hoje prefeito em Piracicaba SP), por “determinação do Senhor Ministro”, para cumprir empenho destinado à liberação de dinheiro destinado à compra de ambulância do Grupo Planam
O ex-ministro da Saúde José Serra, candidato a governador pelo PSDB em São Paulo, conseguiu passar praticamente incólume até o momento pelas investigações sobre a ação das máfias dos vampiros e dos sanguessugas. O tucano atribui a alguns de seus então subordinados no governo eventuais responsabilidades por supostas irregularidades detectadas no período em que foi ministro, entre 1998 a 2002.
Mas, agora, Serra , vai ter que começar a se explicar. Documentos obtidos pelo Jornal Correio Braziliense (de hoje 14/09) mostram que Serra, quando ministro, não só sabia da movimentação de parlamentares para aprovar emendas que distribuiriam ambulâncias superfaturadas para o estado de Mato Grosso — no famigerado esquema dos sanguessugas arquitetado pela empresa Planam, do empresário Luiz Antonio Vedoin —, como também participou determinado ao Fundo Nacional de Saúde para “providenciar o empenho e elaboração do convênio”, no caso de uma emenda no valor de R$ 88 mil, para o município de Nossa Senhora do Livramento (MT). A cidade integrava uma relação feita pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) de municípios a serem beneficiados, por meio de emendas. Antero Paes de Barros também está envolvido.
Isso está comprovado. Foi registrado, no dia 13 de dezembro de 2001, em ofício do então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Barjas Negri, que depois viria a substituir Serra, quando o tucano deixou o cargo para disputar a Presidência da República em 2002.
Negri pediu ao Fundo Nacional de Saúde o “empenho e a elaboração do convênio, com posterior retorno a esta Secretaria Executiva”, a fim de garantir a ambulância ao município. Destacou, no documento, ser uma “determinação do Senhor Ministro José Serra”. Essa ambulância, posteriormente, foi fornecida por duas empresas de fachada do Grupo Planam, a Santa Maria e a Comercial Rodrigues. Uma forneceu o veículo e a outra os equipamentos.
Serra também teria conhecimento da ação dos deputados sanguessugas no Mato Grosso. Em pelo menos uma oportunidade, ele foi comunicado. No dia 9 de março de 2001, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e outros parlamentares do estado informaram ao então ministro, também por meio de ofício (leia fac-símile 2), que o deputado Lino Rossi (hoje do PP e, na época, PSDB), seria o responsável por indicar os municípios beneficiados com recursos de uma emenda de toda a bancada.
Essa emenda — nº 36.901 — previa a aquisição de “unidades móveis de saúde no Mato Grosso”, no valor total de R$ 5,6 milhões. A emenda de R$ 88 mil para o município de Nossa Senhora do Livramento também seria em nome de toda a bancada.
Inocentado anteontem pela CPI dos Sanguessugas, Antero Paes de Barros foi acusado de envolvimento no esquema pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, dono da Planam. Além de Antero e Rossi, outros cinco parlamentares do Mato Grosso que assinaram a carta enviada a Serra também foram investigados pela CPI dos Sanguessuga: Pedro Henry (PP), Celcita Pinheiro (PFL), Ricarte Freitas (PTB), Wellington Fagundes (PL) e Teté Bezerra (PMDB). Eu só quero saber se os senhores da CPI vão ter coragem e moral para convocar Serra para depor na CPI.
ATRITO NA CPI
A decisão foi do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) do arquivamento da denúncia contra o senador Antero Paes de Barros PSDB; criou atrito na CPI dos Sanguessugas. Ontem, Gabeira enviou um email para o senador no qual informa que depois de ler a denúncia optou por arquivar o processo. Hoje, o vice-líder do PT e membro da CPI, deputado Fernando Ferro (PT-PE), disse “estranhar” a decisão do colega do Rio. “Achei a atitude dele (Gabeira) precipitada”, opinou Ferro.
O mais interessante nisso tudo é que nem a Folha de São Paulo, Nem Estadão, mostram essa matéria no dia de hoje. Por que será?
Helena
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