Há nove dias o delegado da Polícia Federal Jocenildo Cavalcante chega em casa mais tarde e ainda mais cansado do trabalho. A recompensa, conta ele, é uma certeza: "Estou fazendo a minha parte". Cavalcante é o responsável pelo inquérito da "Operação Saúva" que, no dia 11 de agosto, levou 30 pessoas para a cadeia, entre elas empresários, militares e servidores públicos (mais dois foram presos depois).
A descoberta do esquema, que além de fraudar licitações entregou comida estragada à vítimas da seca e alunos de escolas públicas, indignou os amazonenses, trazendo à tona mais uma vez a questão da corrupção e um questionamento: até que ponto estamos preparados para combatê-la? .
E a receita para insistir na luta contra a corrupção vem de pessoas como o delegado Cavalcante. Prestes a ver mais uma parte dos presos da "Operação Saúva" ser solta (hoje termina o prazo das prisões temporárias), ele diz que não desanima porque acredita na mudança do País - e sabe que ela não se dá de um dia para o outro. "Nosso País é jovem e está aprendendo a ser melhor. A História mostra isso. Quem diria, há dez anos, que um desembargador seria preso diante das câmeras?".
A Polícia Federal intensificou as operações de combate à corrupção
De 1º de janeiro a 18 de agosto, foram realizadas 74 operações, O balanço da PF, mostra que as operações deste ano levaram à prisão de 1.050 pessoas - 523 delas por corrupção, das quais 220 servidores públicos. De 2003 até agora, foram presas 3.342 pessoas de todo o País nessas operações, das mais diferentes camadas econômicas, condição social e militância política. Desse total, quase 2.000 respondem a processo por corrupção - ativa e passiva - e 670 são servidores públicos.
O levantamento das operações mostra que o combate à corrupção, uma das bandeiras da gestão Lula, seguiu trilha de crescimento constante. A média alcançada pela Polícia Federal neste ano atingiu a marca de mais de dez operações por mês. De 1º de julho para cá, a PF realizou 20 operações, 12 das quais só nos primeiros 18 dias de agosto. Na última semana, houve quase uma operação por dia. Para se ter uma idéia da amplitude desses números, a soma de prisões por corrupção apenas deste ano supera a dos quatro anos do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (1998-2002), quando foram presas 490 pessoas.
"Operações como essa não podem ser apressadas nem retardadas. Elas amadurecem com escutas, investigações, inteligência e construção de conexões", disse o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em entrevista concedida na quinta-feira, logo após a Operação Dilúvio, na qual 118 pessoas tiveram a prisão decretada, acusadas de envolvimento no maior esquema de fraudes em importações desmantelado no País até agora. "Não há nenhum tipo de intencionalidade em fazer operação por causa da eleição", afirmou.
O governo Lula elegeu o combate à corrupção como uma de suas principais bandeiras.
Helena
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