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quinta-feira, 27 de julho de 2006

Tucanos sanguessugas


A Controladoria Geral da União divulgou ontem que a Planam ganhou licitações em 891 convênios de um total de 3.048 firmados pelos municípios com o Ministério da Saúde para a aquisição de ambulâncias, ou cerca de 29%, no período de 2000 a 2004.
A Planam é a principal empresa beneficiária do esquema de vendas superfaturadas de ambulâncias. Os 3.048 convênios que a CGU analisou até agora somam R$ 218,5 milhões. Os vencidos pela Planam somaram um total de R$ 79 milhões, e a CGU vê "fortes indícios de irregularidades" neles.

A CGU divulgou também a relação dos deputados "campeões" em emendas que beneficiaram a quadrilha dos sanguessugas entre 2000 e 2004--Ainda segundo informações confidenciais, a maioria dos deputados envolvidos são do PSDB e PFL. Foi informado ainda o número de prefeituras, por partido, com "fortíssimos indícios de fraude" nas licitações para a compra de ambulâncias.

De acordo com o trabalho da CGU, o partido com maior número de prefeituras que realizaram licitações com indícios de fraude é o PSDB, com 128 municípios. Em segundo lugar, aparece o também oposicionista PFL, com 107. O ministro Jorge Hage confirmou que já encaminhou ao presidente da CPI dos Sanguessugas relação com 14 novos nomes de deputados e ex-congressistas que apresentaram emendas para a compra de ambulâncias em concorrências vencidas pela quadrilha.

Até agora, a CPI já listou a participação de 116 parlamentares e ex-parlamentares no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. Na relação dos maiores autores de emendas, em primeiro lugar está o ex-deputado pelo PTB Renildo Leal (BA), com 25 concorrências vencidas pela quadrilha. Em segundo e terceiro lugares, estão os deputados João Caldas (PL-AL), com 23, e Nilton Capixaba (PTB-RO), com 22 ambulâncias.

Acusado pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, um dos dono da Planam, de ter recebido mensalmente propina do esquema, o deputado Cabo Júlio (PMDB-MG) beneficiou a Planam com emendas para venda de 21 ambulâncias. Foram listados 33 deputados e ex-congressistas que propuseram emendas para a compra de seis ou mais ambulâncias.

Vazamento seletivo

Hage participou de entrevista na sede da CGU ao lado do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda. O ministro da controladoria criticou a oposição pelo que considera "vazamento seletivo" de informações com o objetivo de atingir o governo.

"Por que o governo que estourou e investigou o esquema tem de ser posto na condição de réu? Nós entendemos que é um dever de transparência", disse ele, ao ser questionado se a divulgação dos dados não tinha por objetivo atacar o governo Fernando Henrique Cardoso.
"Não se trata de jogar os sanguessugas no colo do governo passado, mas de repelir o escamoteamento da verdade. A fonte da CGU não é A ou B nem quem está interessado em delação premiada. São dados objetivos. Desafio a qualquer um refutá-los", afirmou. O ministro da Justiça lembrou que a Operação Sanguessuga foi realizada pela PF a partir de um trabalho da CGU iniciado no atual governo. Apesar da divulgação dos dados, tanto Hage quanto Thomaz Bastos ressaltaram que as informações levantadas até agora não permitem que os investigados sejam declarados culpados. "Essa é uma função da Justiça", disse Hage.

PSDB e Alckmin estão fazendo o que pode e o que não deve para ligar a quadrilha tucana sanguessuga ao governo Lula. Mas em breve a investigação na pasta da saúde da época em que Serra foi ministro da saúde vai provar que os sanguessugas são tucanos.


Helena

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