Acusado de fraudar compra de veículos de saúde, prefeito de Sousa, na Paraíba, vai ser investigado por parente que integra comissão criada para apurar fraudes no Orçamento
O prefeito Salomão Gadelha (PFL) é acusado pelo Ministério Púplico de ter comprado ambulâncias superfaturadas no esquema dos sanguessugas. O caso teria tudo para ser mais um entre tantos investigados. Mas, não. O prefeito é irmão do deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB), integrante da CPI criada para apurar a roubalheira na compra de ambulâncias com dinheiro do Ministério da Saúde.O caso de Sousa deve ser olhado com atenção por dois motivos. Porque descreve o esquema dos sanguessugas em riqueza de detalhes. Além disso, traz um bônus: ao investigar pormenores da denúncia, a reportagem do Estado de Minas deparou-se com o cipoal de detalhes burocráticos na execução do Orçamento da União atrás do qual vêm se escondendo muitos dos parlamentares envolvidos com a quadrilha.
Antes de tudo, o caso. No dia 5 de julho de 2002, a Prefeitura de Sousa firmou convênio com o Ministério da Saúde. Para tanto, apresentou um plano de trabalho, no qual explicava como a aquisição de três ambulâncias iria ajudar a melhorar a vida dos 65 mil habitantes. Pedia R$ 247,5 mil de dinheiro federal para comprar os veículos e prometia outros R$ 27,5 mil de contrapartida municipal. Três meses depois, a Santa Maria Comércio e Representação Ltda. venceu a licitação para fornecimento das ambulâncias. Pediu R$ 275 mil por elas. No dia 3 de outubro, a empresa emitiu em favor da prefeitura as notas fiscais número 554, 557 e 558. Nelas, formaliza a venda de um carro por R$ 110 mil, modelo mais paramentado, e dois de R$ 82,5 mil, mais simples.
Todos fabricados pela Iveco, os veículos foram entregues e o prefeito--Salomão Gadelha (PFL)-- fez até festa na rua para recebê-los. Mas o Ministério da Saúde só desembolsou sua parte do dinheiro meses depois, no dia 26 de maio de 2003. A Santa Maria, precavida, deixou os carros em seu próprio nome até 29 de julho daquele ano. Apenas nesta data, seu procurador, Gerson Pereira da Silva, assinou o Documento Único de Transferência (DUT), permitindo que a Prefeitura de Sousa registrasse as ambulâncias em seu próprio nome.
A Santa Maria Comércio e Representação é uma laranja da já famosa Planam, a empresa de Darci Trevisan Vedoin, cabeça da quadrilha dos sanguessugas. Gerson Pereira da Silva, denunciado à Justiça no dia 1º de junho junto com outras 80 pessoas, movimentava as contas bancárias da Santa Maria, que no papel pertence a uma empregada da família Vedoin, chamada Maria Loadir de Jesus Lara.
Ao quebrar o sigilo bancário da quadrilha, a Polícia Federal encontrou uma transferência eletrônica de R$ 205 mil partindo da conta da Santa Maria no Banco do Brasil para uma conta da Iveco Latin America Ltda. mantida no ABN Amro. Isso aconteceu no dia 12 de junho de 2003, duas semanas depois de a Prefeitura de Sousa ter pago pelas ambulâncias. A operação financeira foi feita pelo mesmo Gerson Pereira da Silva que assinou o DUT dos veículos.
Números
119 - É a quantidade de municípios brasileiros nos quais a Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou indícios de irregularidades atribuídos à máfia dos sanguessugas
R$ 110 milhões - É quanto o esquema de corrupção teria movimentado nos últimos cinco anos
Helena
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração