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domingo, 16 de julho de 2006

A ópera-bufa


Depois da volta dos ataques do Primeiro Comando da Capital - PCC, a ópera-bufa ficou novamente por conta das explicações das autoridades formais. A cobertura da imprensa também é deprimente. Ridícula. Na entrevista coletiva do Secretário de Segurança, ele afirmou que fora uma reação ao endurecimento do regime disciplinar aos presos, que antes eles “mandavam e desmandavam”. É só reprisar. Ninguém da imprensa o interpelou para saber a partir de quando esse domínio existia, já que essas mesmas autoridades sempre negaram a existência da organização criminosa, o que levou até a alguns órgãos de imprensa não citarem o nome da sigla, já que a citação seria o maior fator de crescimento da Organização Criminosa.

O que ficou cristalinamente claro é que o Primeiro Comando da Capital ataca como, quando e da forma que entender melhor, que não existe nenhuma política de segurança nem estadual nem federal, e que há mesmo é uma dominação manifestada, pois antes ela já existia, apenas não era exercida.

Para preservação do bem maior, a vida, muitas pessoas além de se calarem, de não reagirem ou até de não denunciarem nada, vão ser obrigadas a determinadas ações em obediência às determinações da facção, pois como segurança dada pelo Estado para sua integridade pessoal e de suas famílias está comprovada que se restringe à própria cabeça para a descarga do PCC.

E a fragilidade fica demonstrada em alguns argumentos que visam o contrário. A televisão ressalta e mostra que as pessoas não se intimidaram por estarem em bares. Isso não é demonstração de resistência, mas de resignação. Como tem que tocar a vida, aproveita-a enquanto se está vivo. Nada mais do que isso! Ou a famosa síndrome de Estocolmo.

A coroação das futilidades está ganhando campo. Seria o argumento de que a solução para diminuição da violência estaria na diminuição da pena. Não se menciona que sempre saem pesquisas apontando que um percentual ínfimo de assassinatos é esclarecido. Não chega a 5% e às vezes citam até 2%. Não existe prova maior de que não é a diminuição da pena que vai resolver. Pois, melhor do que pena pequena é nenhuma pena.

Outro argumento que precisa ser mudado ou extinto seria o do crime menor. José Luiz Datena, apresentador de programa policial vive repetindo que só vai para cadeia ladrão de boné, manteiga, xampu. É verdade, mas o correto seria a punição a qualquer pessoa que roubasse, especialmente quando desfrutam de profissão de fé pública, principalmente quando sua atividade se destinasse a combater crime. Apenas por essa questão relevante a pena deveria ser agravada em o dobro, o triplo. Poderia até se discutir a prisão perpétua para latrocínio, seqüestro, estupro e abandono de bebê. O boné, só como exemplo, pode ser mais relevante economicamente para um catador de papel, ou para qualquer pobre, do que um jatinho para Antonio Ermírio de Moraes. Os mesmos defensores dos “crimes pequenos” contradizem-se quando afirmam que a cadeia é a escola de formação de bandidos perigosos. Qualquer ladrão começa roubando o que pode e vai até onde permitirem.

Quanto à pena, ela deve ser a maior possível, por que todo crime é injusto para a vítima, e é possível ser evitado e para isso deve trabalhar a sociedade. Já a aplicação da pena caberia ao Estado. O problema é que nossos estudiosos não estudam ou estudam pouco e as autoridades se limitando aos papéis oficiais. Quanto ao pedido de troca de secretário, é o mesmo que trocar uma banana por outra! Isto está provado com a substituição do secretário de Penitenciárias!

A questão de que o Exército não pode atuar nas ruas vai se desfazer e não precisa ser guru para ter essa certeza. Caso o PCC resolva agir a partir de 29 de setembro ou o Exército age ou não haverá eleição. Alguns programas de televisão costumam perguntar a definição de algo ou alguém numa palavra. Se esta pergunta me fosse feita sobre as autoridades brasileiras. Não teria resposta...



Renata F.

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