Uma das coisas que muito aprecio na imprensa eletrônica independente é a democracia que permite a publicação de tudo que se digita. Ao contrário da imprensa tradicional onde os "profissionais" têm todos os espaços e destaques e as "cartas dos leitores" ganham apenas um limitado cercadinho burocrático. Mesmo que os "amadores" tenham textos até superiores, pela escrita ou pela oportunidade e profundidade do assunto abordado, do que produção "jornalística" destacada. Nos blogs, por exemplo, o que se vê é uma imensa vitalidade e variedade. Uma linguagem solta. Algumas vezes brilhando com revelações, sugestões, lembranças e imagensinesperadas. Outras vezes pesadamente preconceituosa, ofensiva, caluniosa, mentirosa.
Imagino que os muitos que dirigem só palavrões aos considerados adversários se satisfazem apenas com os desabafos. É que nunca haviam tido tal possibilidade e querem aproveitar sofregamente a oportunidade.
Nada contra.
Provavelmente com o uso constante da possibilidade de serem "ouvidos" pelos outros, inclusive "inimigos", a coisa vá ficando menos histérica e desesperada, mais dialogante. O que não dá para engolir sem vomitar (embora seja aceito em muitos blogs para movimentar o pedaço), é que tais "ousadias" venham de anônimos, geralmente escondidos covardemente atrás de pseudônimos ainda mais ofensivos e imbecis do que os próprios xingamentos. Pode ser que, como tantas outras seqüelas, sejam restos insepultos dos plúmbeos tempos em que alguns poderosos iluminados decidiam não só o que se ler em jornais, revistas e livros, como ouvir no rádio ou assistir na tv, cinema e teatro.
Antes de encaminharmos aos representantes eleitos, vamos assumir nossas próprias queixas, idéias e desejos com clareza e franqueza. Afinal, ao contrário do que muitos sábios de plantão querem nos convencer, TODOS SOMOS IMPORTANTES. Principalmente a NATUREZA da qual somos pequena parte. (Discorda?! Pense em secas, enchentes, furacões, vulcões, raios, maremotos... e em nossa respiração, alimentação...)
Júlio César Montenegro
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