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segunda-feira, 17 de julho de 2006

A lógica de Marcola


Transcrevo, caro leitor, o diálogo do bandido Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, com o presidente da CPI do Tráfico de Armas, deputado Moroni Torgan (PFL-CE). A sessão de inquirição de Marcola transcorria em tom cordial. Súbito, o presidente da CPI levantou o timbre de voz. Tentava arrancar do interrogado o reconhecimento de que comanda o PCC. Acusou a facção criminosa de aproveitar-se dos presos, obrigando-os a reincidir no crime depois de libertados da cadeia, para financiar o PCC. Marcola não gostou nem do tom de voz do deputado nem das observações. E pediu respeito.

Moroni - “O que existe é uma organização criminosa.”

Marcola - “Vamos parar o grito (...).”

Moroni - “Uma organização criminosa.”

Marcola - “Vamos gritar. É isso que o senhor quer?”

Moroni - “Eu falo do jeito que eu quiser (...).”

Marcola - “Não grita, pô!”

Moroni - “Agora eu quero dizer, com todo o respeito que eu tenho pela humanidade: o PCC existe para explorar os coitados dos presos que têm que sair para a rua e trabalhar para eles. Tem que trabalhar, tem que ser criminoso. Se tu saíres, pagar tua pena, tu tens que ir para rua para ser criminoso.”

Marcola: “E o que é que os deputados fazem? Não roubam também? Roubam para car..., meu!”

Moroni - “É, isso vai ser outra coisa que tu vai ser indiciado também.”

Marcola - “Só porque deputado rouba eu vou ser indiciado?”

Moroni - “Por desacato. Disso tu vais ser indiciado.”

Marcola - “Que moral tem algum deputado para vir gritar na minha cara? Nenhuma.”

Moroni - “Todo homem de bem tem moral de falar.”

Marcola - “Mas quem disse que... Cadê o homem de bem? Todo bandido fala que é homem de bem.”


Helena
Com informações do: O Estado de S. Paulo

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