Transcrevo, caro leitor, o diálogo do bandido Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, com o presidente da CPI do Tráfico de Armas, deputado Moroni Torgan (PFL-CE). A sessão de inquirição de Marcola transcorria em tom cordial. Súbito, o presidente da CPI levantou o timbre de voz. Tentava arrancar do interrogado o reconhecimento de que comanda o PCC. Acusou a facção criminosa de aproveitar-se dos presos, obrigando-os a reincidir no crime depois de libertados da cadeia, para financiar o PCC. Marcola não gostou nem do tom de voz do deputado nem das observações. E pediu respeito.
Moroni - “O que existe é uma organização criminosa.”
Marcola - “Vamos parar o grito (...).”
Moroni - “Uma organização criminosa.”
Marcola - “Vamos gritar. É isso que o senhor quer?”
Moroni - “Eu falo do jeito que eu quiser (...).”
Marcola - “Não grita, pô!”
Moroni - “Agora eu quero dizer, com todo o respeito que eu tenho pela humanidade: o PCC existe para explorar os coitados dos presos que têm que sair para a rua e trabalhar para eles. Tem que trabalhar, tem que ser criminoso. Se tu saíres, pagar tua pena, tu tens que ir para rua para ser criminoso.”
Marcola: “E o que é que os deputados fazem? Não roubam também? Roubam para car..., meu!”
Moroni - “É, isso vai ser outra coisa que tu vai ser indiciado também.”
Marcola - “Só porque deputado rouba eu vou ser indiciado?”
Moroni - “Por desacato. Disso tu vais ser indiciado.”
Marcola - “Que moral tem algum deputado para vir gritar na minha cara? Nenhuma.”
Moroni - “Todo homem de bem tem moral de falar.”
Marcola - “Mas quem disse que... Cadê o homem de bem? Todo bandido fala que é homem de bem.”
Helena
Com informações do: O Estado de S. Paulo
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