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sexta-feira, 9 de junho de 2006

Secretário transgrediu normas da civilidade


O secretário chamou de "gazeteiro" um deputado que faltou à votação de um projeto do Executivo na área de Segurança e de "macheza" a atitude de outro que se lhe dirigia incisivamente. Um parlamentar fez um diagnóstico azedo da Segurança Pública no Estado antes de lhe perguntar o que teria querido dizer ao chamar o ex-secretário da Administração Penitenciária Nagashi Furukawa de "despirocado". O secretário corrigiu-lhe um erro "vernacular" e respondeu: "Despirocar é o que o sr. faz: inventar uma história".

Depois do depoimento, o deputado Romeu Tuma reforçou sua convicção de que a dualidade de comando Castro x Furukawa esteve no epicentro da crise do PCC, mas teme pelas conseqüências da segurança pública com o nocaute do secretário de Administração Penitenciária. Lembra que quando Furukawa ia à Assembléia ouvia respeitosamente os deputados, elogiava as sugestões que recebia, tendo chegado, até mesmo, a adotar algumas. "Já o secretário de Segurança se nega a identificar os mortos nos confrontos enquanto trabalha para fornecer nome, data de nascimento e endereço de 40 milhões de pessoas à iniciativa privada", diz, referindo-se à proposta de Castro de entregar o banco de dados do Estado à empresa que se comprometa em digitalizá-lo, o que chama de "privatização da privacidade".

O depoimento do Saulo de Castro na Assembléia paulista teria sido uma simples reprise dos melhores momentos das CPIs dos Correios e dos Bingos no Congresso Nacional com os sinais trocados, não fosse o chefe da polícia estadual o convocado. O secretário dirigia-se à sua audiência particular para tergiversar sobre cada pergunta dos deputados, elogiando os oficiais que, disse, responderiam melhor que ele: "O comandante que tem menos tempo de polícia aqui tem 30 anos"; "Melhor seria tratar essa questão com quem se preparou a vida toda para isso"; "Toda decisão minha é dividida com eles"; "Todos os comandantes aqui presentes têm minha total confiança".

Os comandantes não esboçavam qualquer reação. O secretário disse tê-los levado à audiência em respeito à Casa, mas o que a sintonia exibida mostra que o secretário quis usar a presença dos comandantes policiais como tentativa de intimidação.

O governador Cláudio Lembo achou o comportamento de seu secretário "absolutamente normal", assim como a escolta dos comandantes. Sua polícia contabiliza 122 vítimas em decorrência dos confrontos. As contas do Conselho Regional de Medicina ultrapassam 400 mortos. Saulo de Castro alegou razões de segurança para não explicar a discrepância. As vítimas que fecham as contas não devem pertencer à "minoria branca e perversa" a quem Lembo dirigiu sua indignação depois dos ataques do crime organizado. Deve ser por isso que o governador o definiu como "um grande secretário".

Helena

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