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domingo, 4 de junho de 2006

O Brasil e as comunidades lavaram a alma


Tive a oportunidade de acompanhar e participar da grande mostra dos pontos de Cultura em São Paulo no Pavilhão da Bienal junto às comunidades de todo o Brasil. Todas as caras todos os gostos. Eles estavam ali para ver e serem vistos. Grupos de Maracatu em suas apresentações no grande pavilhão onde se ecoava os sons, hora misturado a outros ritmos e vozes do povo que ali estava conquistando os visitantes com suas gingas, cores e artes do Oiapoque ao Chuí. “Gente, o povo chegou!”. Houve em mim uma mistura de arrepio e lágrimas, pois nesse momento pude sentir orgulho de ser dessa raça latino-americana brasileira. Gritei no meu íntimo e ouvi minha alma. Sou Brasileiro! Durante toda a mostra, as comunidades puderam se expressar e se orgulhar de ter esse “jeitinho brasileiro” de fazer arte, mas a arte brasileira já estava pronta, era só dar a oportunidade a essas comunidades de se expressarem, coisas essas, que nos foram negadas ou renegadas sempre lançadas ao segundo plano como arte menor e nos encheram de ”ismos” que agora rompemos, quebramos as mordaças, o luto cultural e nos lançamos revigorados com a vida do Cultura Viva - Projeto este, que testemunhamos, não só como brasileiro, mas como artista participante neste revigoramento social e cultural que passa o Brasil que as mídias se negam a divulgar por puro comodismo de ter que mudar as pautas e conceber louros ao invés de espinhos. Não somos como antes, não nos calamos frente às diferenças sociais. Temos em mãos, ponto de convergência e articulações culturais. Não nos negaram como antes faziam, pelo contrário, nos municiaram com o saber e hoje temos a atitude e a coragem de levantar a cabeça e dizer: “Sou um artista popular, toco alfaia, bato pandeiro, danço roda de coco e conquistamos a "TEIA". Estamos no Pavilhão da Bienal - ícone das grandes mostras que mudaram comportamentos e conceitos. Aqui vibra e gera um novo tempo. A hora não passa e a cada momento mais e mais comunidades vão se achegando, ocupando espaços. Da chegada ao aeroporto de Congonhas, à rodoviária, vem tribos de índios, povos de todos os lugares. Gente que nunca esteve em São Paulo pode sentir de perto a grande metrópole depois de tanto abandono, de tanta fome que abalaram as comunidades àquela cidade chamada São Paulo. Lá estava se rendendo a Cultura popular e isso constituía para mim motivo de muita alegria, pois eu estava ali, eu vivi a TEIA, o povo chegou. E logo de entrada, um grande Totem saudava os visitantes. Era o Arrimo Tensor, o Pergaminho documental do novo tratado - um rolar das novas propostas para um desenrolar das conquistas.
Refleti, tudo vai dar certo. Todos aqui vieram numa missão cultural e, portanto, numa missão de paz. Os grupos Indígenas Kariri-Xokó e Yawalapiti com suas danças e ritos tribais em torno do TOTEM o consagravam. A Cultura ao marco ao símbolo dos Pontos. O brindar do secretário de Programas e projetos culturais Célio Turino a aplaudir cantar e dançar do Ministro Gilberto Gil, a igualdade posta na prática e não no discurso. Nada foi impedido e o povo tomou champanhe e saldou: saúde a cultura! É essa diferença que premia e engrandece o cidadão que pode e tem o direito de sair do anonimato elevando-os a expoentes ativos, participativos e críticos da sociedade a qual os inserem, despertando-os à cidadania e a conquista dos seus sonhos ainda que seja um ponto. É nesse sentido que é preciso pensar a arte do ponto de vista da ação política e da cidadania como afirmação do humano, como liberdade e como expressão individual da subjetividade. Isso significa, entretanto, não pensá-la apenas como meio, como instrumento, mas como campo semântico e como possibilidade de significação. Para isso é necessário que o gesto artístico expresse, ao mesmo tempo, o conhecimento da técnica, a liberdade criativa e a transgressão que dá ao gesto artístico, suas capacidades simbólicas. A grande mostra de Cultura popular e arte brasileira "TEIA", que foi apresentada no Pavilhão da Bienal, alcançou o maior sucesso na cidade de São Paulo, sendo considerada por muitos, a exposição do ano de Cultura Popular. O Pavilhão da Bienal foi especialmente preparado para receber a exposição e as comunidades, com as divisórias de pinus aquareladas com as cores das bandeiras de cada estado participante multi coloriu e conquistou o espaço de modo a destacá-los. Os grupos indígenas, folclóricos e afro-brasileiro, com seus tambores, sinos, pandeiros e violas pareciam encantados advertindo que o que se conquistava era o direito há muito reprimido às comunidades de mostrar a que veio e transmitir, não só o grito de obrigado por estar por muito sufocado e sim, documentar que esta arte brasileira e popular que nos revela cara e o jeito desse povo autêntico que sai das comunidades e nos toca, resgatando a nossa essência.
Muito obrigado a todas as comunidades que acreditaram e engajaram nesse mega evento e brindaram seus feitos. Obrigado ao Trabalhador e estadista LULA nosso Presidente que está fazendo o resgate da cidadania e auto estima dos oprimidos a esse Ministério da Cultura que ousou acreditar ser possível transpor as fronteiras, atravessar os guetos e reunir o povo num evento para mostrar a cara desse jeitinho bem Brasileiro.


PIASSA - Artista Plástico, autor dos Totens Cultura Viva
Artista Plástico
Diretor Curador da Pinacoteca do C.C.L.A
Membro eleito do Forúm de Cultura de Campinas
Membro eleito do Conselho de Cultura de Campinas
Consultor das Nações Unidas e Ministério da Cultura onde atualmente desenvolve o Projeto Fragmento Étnico Arqueológico

Matéria enviada por email ao Blog para ser publicada.
OBS: Desculpe Piassa, mas o blog hoje está daquele jeito, não foi possivel publicar a fotos sua no evento com o Ministro Gil...

Helena

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