Pages

domingo, 4 de junho de 2006

Mãe escreve à mãe de um menor infrator


A Gentil leitora nos envia a carta de uma mãe à mãe de um menor infrator. Vale a pena refletir no seu conteúdo:

“Hoje, vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a transferência do seu filho, menor infrator, nas dependências da Febem, em São Paulo, para outra dependência da Febem, no interior do Estado.

Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela transferência. Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação, contam com o apoio de comissões, pastorais, órgãos e entidades de defesa de direitos humanos.

Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro.

Enorme é a distância que me separa do meu filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos, porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família. Felizmente, conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual.

Mas se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou, estupidamente, num assalto a uma videolocadora, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e acariciando seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo.

Ah!, ia me esquecendo: também ganho pouco e sustento a casa. O que mais estarei pagando, através de impostos às custas do meu salário? Estarei pagando o colchão que seu querido filho queimou e as instalações que ele quebrou, na rebelião na Febem.

Uma das coisas mais tristes do nosso tempo é a vulgarização do crime. Na própria sociedade, notadamente no Brasil, nota-se um aceite geral da violência, pelo crescimento da sua presença no quotidiano. Incrível, porém verdadeiro, é que muitos já têm coragem de se declarar criminosos, como se o crime fosse uma profissão como outra qualquer. Ninguém se assusta mais quando um cruel latrocida é preso e, entrevistado pela televisão como se fosse uma personalidade importante, afirma que assassinou a vítima porque ela “não quis cooperar”, deixando claro que considera o assalto à mão armada um direito seu, líquido e certo.

Por paradoxal que pareça, tivemos recentemente rebeliões sincronizadas em 74 presídios de São Paulo, o Estado mais rico e desenvolvido do Brasil, em represália à transferência de 765 bandidos, condenados pela Justiça e chefes do crime organizado, para duas penitenciárias de segurança máxima, a fim de separá-los de seus cúmplices de dentro das cadeias onde se encontravam.

Pior ainda, em represália, comunicando-se através de celulares, eles determinaram a outros pilantras fora das grades, e foram atendidos, a execução de policiais e agentes penitenciários. Com toda essa barbárie, que horrorizou o País inteiro, tiveram e continuam obtendo a simpatia de muitos veículos de comunicação social, do Ministério Público e de organizações oficiais e privadas que afirmam lutar pelos direitos humanos. . Os adultos sempre foram modelo para os jovens. Nas rebeliões na Febem paulista, entretanto, os adolescentes infratores os anteciparam em maldades e vandalismo, mostrando que a próxima safra poderá os suplantar em ousadias e violências, porque as leis penais estão esclerosadas, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário fracassam por incompetência e, a sociedade, por insensibilidade e egoísmo. O único remédio realmente capaz de curar todos os males sociais está receitado no Evangelho de Jesus, mas não é aplicado.

No conceito de Emmanuel e Francisco Cândido Xavier, presídios são escolas-hospitais, dignas de apreço, e os ali internados se erigem à posição de enfermos em tratamento espiritual. Magistrados desempenham a função de especialistas, combinando preceitos penalógicos, à feição de recursos para a supressão de desequilíbrios determinados.

A responsabilidade, todavia, é de todos nós, porque pela lei de causa e efeito ninguém se envolve em dificuldades que não lhe dizem respeito. Quantos, contudo, já compreendem isso?

Vânia

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração