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domingo, 18 de junho de 2006

Auditoria confirma fraudes em hospital de deputado mineiro do PSDB

SUS faz análise preliminar de documentos apreendidos em unidade hospitalar do deputado Rêmolo Aloise(PSDB) e constata uma série de irregularidades. MP recomenda cancelamento do convênio

Nota técnica feita pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) nos documentos apreendidos pela Polícia Federal na operação, realizada em maio, no Hospital Sagrado Coração de Jesus, que pertence ao deputado estadual Rêmolo Aloise (PSDB), vice-presidente da Assembléia Legislativa, revela como funcionava o esquema montado pelo parlamentar para fraudar o SUS. A análise preliminar nas caixas e sacos de documentos apreendidos não deixa dúvidas de que o hospital adulterava fichas de atendimentos ambulatorial e exames de alta complexidade para receber por serviços não prestados.

"Nos sacos de lixo a equipe conseguiu recuperar várias anotações/bilhetes demonstrando como era feito o esquema para fraudar os documentos a serem entregues à auditoria , como por exemplo treinamento da grafia visando a falsificação de assinaturas de pacientes, profissionais assistentes, radiologista e ultra-sonografia" , diz um trecho do documento, obtido com exclusividade pelo Estado de Minas. "Fiz 150 urgências (domingo) favor marcar para horas: 10h30 às 15h30" e "assinar em grupo para não ter assinaturas parecidas" são os textos de alguns dos bilhetes encontrados nos sacos de lixos e caixas escondidas no banheiro de um dos quartos do Hotel Serra Verde, anexo ao hospital, e assinados por alguém que se denominava "Gavião Rei". O deputado nega participação nas fraudes e alega que elas eram feitas à sua revelia por ex-funcionários do hospital, a mando de adversários políticos.


Teto

A busca e apreensão de documentos feita pela PF foi pedida pelo Ministério Público Federal à Justiça no mês passado, depois de denúncias de que funcionários do hospital estavam destruindo documentos e melhorando falsificações grosseiras antes de autorizar o acesso de auditores do Denasus à papelada da instituição. O hospital começou a ser auditado pelo Denasus, em novembro do ano passado por causa de denúncias do Conselho Municipal de Saúde de São Sebastião do Paraíso de que estaria fraudando os atendimentos e recebendo acima do teto do convênio firmado com a Secretaria de Saúde e sem prestar contas. No entanto, o trabalho não pôde ser concluído porque o deputado não permitiu que os técnicos do Ministério da Saúde enviados à cidade tivessem acesso à documentação.

O Denasus então acionou o Ministério Público Federal para conseguir concluir o trabalho iniciado e que já apontava a existência de fraudes nos procedimentos do hospital. No dia 19 de maio, a Polícia Federal realizou uma operação no hospital e no hotel que também pertence ao deputado para apreender documentos. No dia, foram presas cinco pessoas, entre elas um dos filhos do deputado, Flávio Aloise, que aparece como proprietário do hospital.

Em 2005, o Hospital Sagrado Coração de Jesus faturou e recebeu do SUS, somente em serviços ambulatoriais, mais de R$ 2,6 milhões, valor que equivale a 35,35% de todos os recursos para o cumprimento da Programação Pactuada Integrada (PPI) de São Sebastião do Paraíso. A PPI é um teto para consultas, exames e internações estabelecido pelo Ministério da Saúde para cada município em função da população e do histórico de atendimento e doenças. O convênio firmado entre a Secretaria de Saúde e o hospital era de R$ 36 mil mensais.
É essa gente do PSDB que ousa em falar de caráter, moral e ética.


Helena

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