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domingo, 21 de maio de 2006

Tirania midiática


Na Carta ao Leitor dessa semana, a direção de Veja reclama das críticas do presidente Lula ao semanário, por causa da matéria caluniosa veiculada na edição anterior, quando atribuiu ao presidente e outras figuras do governo contas no exterior, mesmo não tendo como comprovar tão grave denúncia. Na opinião de Veja, este foi o pior ataque já feito a uma publicação por um presidente da República, que deveria aceitar calado as afirmações fraudulentas da revista. Não agindo assim, revelou-se um déspota, contrário às liberdades democráticas.

Interessante. Em primeiro lugar, se este foi o pior ataque já feito por um presidente a uma publicação, cabe aos historiadores julgar – convém não confiar na palavra de Veja (já notaram como qualquer coisa negativa no governo Lula é rotulada imediatamente como "a maior que já aconteceu no país"? Parece que a História do Brasil começou com o atual governo). Em segundo lugar, também caberá aos historiadores comprovar se a campanha movida pela revista Veja com o intuito de derrubar o governo Lula, desenvolvida ostensivamente a mais de 12 meses, encontra paralelo na nossa história. A armação em torno da conta do presidente no exterior foi a gota d'água que transbordou o copo da paciência presidencial e recebeu a resposta contundente que a revista vinha pedindo e merecendo em razão de suas pseudo-reportagens recheadas de inverdades e invenções. Quanto às pretensões totalitárias, essas se aplicam com mais propriedade ao panfletão dos Civita, que antecipadamente qualifica como ingênuos ou defensores de interesses financeiros escusos, aqueles que ousarem desacreditar e contestar o que é publicado em suas páginas. Veja considera-se detentora única da verdade, por mais absurda e inconsistente que seja. Quer estabelecer no país a tirania midiática. Totalitarismo é isso aí.

Jens

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