UMA DÉCADA DE IMPUNIDADE
Apenas dois acusados foram condenados pelas mortes de sem-terra. E ainda aguardam recurso em liberdade
Na segunda-feira 17, completam-se dez anos desde o assassinato de 19 integrantes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mortos por policiais militares durante a desocupação de uma rodovia. O Massacre de Carajás, ao lado de outros nessa triste tradição brasileira, permanece impune.
Entre os 144 incriminados, todos os agentes da polícia foram absolvidos e apenas os comandantes das tropas condenados: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Porém, como é de praxe, ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença. Ninguém está na cadeia.
O massacre aconteceu em Marabá, no sul do Pará. Lá, um grupo de mais de mil famílias estava em "Caminhada pela Reforma Agrária". Bloquearam a estrada para exigir alimentos e a negociação com autoridades locais. A resposta veio, literalmente, à bala. O então governador do estado, Almir Gabriel (PSDB), ordenou a desobstrução imediata da rodovia. O restante coube à truculência e à covardia da polícia militar.
Uma equipe de tevê registrou o confronto. As imagens de pessoas em pânico, ensangüentadas, correndo e gritando percorreram o mundo e chocaram a opinião pública internacional.
Anos depois, em 2002, a então senadora Marina Silva (PT) instituiu a data do massacre como o Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária. A Via Campesina, entidade que reúne movimentos sociais camponeses em todo o mundo, internacionalizou o marco e 17 de abril passou a ser o Dia Internacional da Luta Camponesa.
Assassinatos de trabalhadores sem-terra, infelizmente, não são um evento excepcional no Brasil. A impunidade de mandantes e agentes de crimes como esse também não tem nada de excepcional.
Fonte: Carta Capital
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