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domingo, 2 de abril de 2006

Dimas, o bom ladrão

Apesar do silêncio da oposição e da grande mídia e da estranha inércia da Polícia Federal, a Lista de Furnas recusa a ser enterrada. E, insepulta, assombra boa parte dos políticos tucanos e pefelistas que hoje se apresentam perante a nação, hipocritamente, como vestais da moralidade pública.

O repórter Eduardo Lorea do site www.fazendomédia.com fez na semana passada o dever de casa da Polícia Federal. Localizou e entrevistou um empresário, fornecedor de material para Furnas, que contou como funcionava o Dimastudo, o esquema de propina para políticos operado pelo ex-diretor de Furnas Dimas Toledo.

Primeiro ele esclarece que, na estatal, contrato assinado não era sinônimo de pagamento em dia. Para que isso fosse assegurado, o fornecedor era convidado para um encontro no escritório de Dimas Toledo, onde era indagado se "estava disposto a dar uma contribuição".

Os encontros ocorriam depois de realizada a licitação para o fornecimento de determinados equipamentos ou serviços, com a empresa vencedora. A cada contrato correspondia uma propina. O preço da tranqüilidade era de 5% do seu valor. Depois do acerto, Toledo dava o telefone de um escritório em São Paulo, de onde um comparsa completava a operação. Do outro lado da linha, informava os dados de contas bancárias de terceiros, os chamados "laranjas", nas quais deveria ser realizado o depósito. Eram, em geral, quatro destinos diferentes.

O empresário acredita que o dinheiro chegava às mãos de parlamentares e era utilizado em campanhas políticas, apesar de não conhecer a identidade dos destinatários. Toledo era o operador do esquema, não seu principal beneficiário. Entre funcionários da estatal, lembra a fonte, era chamado de "Dimas, o bom ladrão". Além de se referir ao personagem bíblico pregado na cruz ao lado direito de Jesus, o apelido faz jus ao fato de que o diretor não tomava tudo para si, mas distribuía entre amigos políticos.

Então a "lista de Furnas" é verdadeira? O empresário acredita que não. Porém, ressalta que é bem possível que parte dos citados esteja mesmo envolvida - 20 pertencem ao PSDB mineiro, com o qual Toledo mantinha estreitas relações, garante -, mas os dados parecem imprecisos. O valor deve ultrapassar muito os R$ 40 milhões arrolados.

E aí grande grande imprensa investigativa, PF, vestais da moralidade e que tais? O assunto não merece uma investigação profunda? Estão com medo de quê?

Jens

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