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sexta-feira, 24 de março de 2006

Saudades dos tempos golpistas


O Estadão ão ão (na sarcástica expressão de Alberto Dines) endoidou.
Indignado com a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nélson Jobim, que rejeitou o recurso do Senado que tentava liberar o depoimento do caseiro Francenildo Costa à CPI dos Bingos, o jornalão perdeu a compostura. Em editorial publicado na quarta-feira, dia 22, instigou o poder Legislativo a praticar a desobediência civil, ou seja, ignorar a determinação do Judiciário e ouvir o depoimento do caseiro de qualquer maneira.

Quando um jornal com a influência do Estadão ão ão, órgão oficial das elites paulistas, começa a pregar o desrespeito às decisões de um poder constituído da República, o caso é grave. O que se propõe é a ruptura do tecido social, a instalação de um vale-tudo com vistas a desgastar (e quem sabe o quê mais) o governo. O vetusto jornal dos Mesquita, aliás, tem experiência no assunto – em 1968, foi um dos porta-vozes da extrema-direta ao pedir a promulgação do AI 5, o ato institucional da ditadura militar que liquidou com o pouco das liberdades de democráticas que ainda restavam no país. Foi atendido e o resultado foi o doloroso desastre registrado hoje pelos livros de história.

Que o aristocrático Estadão ão ão, no seu ódio desmedido pelo governo do presidente Lula e pelo PT, se transforme em um cabo eleitoral do governo Alckimin, abandonando seu compromisso de informar com isenção (se é que um dia o teve), até se compreende.
Porém, que, embalado pelo seu rancor, o jornal defenda ações à margem da lei, é inadmissível.

Jens

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