Em 1994, o embaixador Rubens Ricupoero, então ministro da Fazenda, cunhou uma fase inesquecível: "Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde", disse ele, referindo-se aos índices de inflação.
Pois bem, a imprensa conservadora parece ter adotado para si esta máxima do mau-caratismo, sempre que trata de assuntos referentes ao governo Lula. A falta de escrúpulos da mídia funciona assim: denúncias sem comprovação envolvendo a administração petista são noticiadas com grande estardalhaço. Não é necessário a apresentação de provas – a mínima suspeita, ganha foros de verdade absoluta.
Quando, porém, as investigações comprovam que as denúncias eram infundadas, a mídia trata de esconder o fato, noticiando, quando o faz, em pequenas notinhas sem destaque nos jornais ou revistas.
Um exemplo é o caso das despesas com os cartões de crédito corporativos realizados por funcionários da Presidência da República, noticiado com estrondo no ano passado, como sendo gastos irregulares, possivelmente fraudulentos. Pois bem, auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União, encerrada recentemente, não encontrou nenhuma irregularidade na questão.
A notícia, até agora, só mereceu a seguinte notinha publicada em Veja: "Depois de mais de um ano, terminou a auditoria do Tribunal de Contas da União sobre os milionários gastos com os cartões de crédito corporativos realizados por 38 funcionários da Presidência da República. Nos oito primeiros meses de 2005, por exemplo, as faturas dos cartões chegaram a 10 milhões de reais – o dobro do que fora gasto no ano anterior. Segundo quem teve acesso ao resultado da auditoria, nada de significativo foi encontrado."
( Meu amigo doutor Pangloss, aqui ao meu lado, diz que não devo ser tão cético. É possível que os jornais cumpram o seu dever e noticiem o fato com o merecido quando o relatório do TCU for divulgado. É ver para crer.)
Jens
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