O delegado José Francisco Castilho Neto, peça central no caso Banestado, recebeu a reportagem da DINHEIRO e confirmou as investigações sobre o ex-ministro da Saúde, José Serra.
DINHEIRO – Por que o nome José Serra começou a ser investigado?
JOSÉ CASTILHO NETO – Se existem documentos idôneos, nos quais aparecem os nomes José Serra, Ricardo S. de Oliveira e S. Motta, esses nomes já passam a ser investigados. Quando aparece um nome como remetente de dinheiro, passa também a ser suspeito. Mas ser investigado não significa ser indiciado nem ter culpa provada. O foco das suas investigações recai sobre grandes políticos?
Todos os nomes, principalmente os que coincidem com de políticos, têm de ser investigados. Essas pessoas não são diferentes do cidadão brasileiro comum, que matou um tatu e vai para a cadeia, ou que falsificou uma nota de dez reais. Estado democrático de direito é isso: igualdade do cidadão perante a lei. Nada torna um político mais especial que outra pessoa do povo. Apareceu o nome, coincide com o de um político? Ótimo. Nossas atenções se concentrarão de forma veemente em torno desse nome, para comprovarmos a inocência ou a culpa e darmos uma satisfação para a opinião pública. Temos de largar a idéia de que no Brasil tudo acaba em pizza e que os poderosos sempre interferem nas investigações.
Como se chegou ao nome de José Serra?
Não vou quebrar o segredo de justiça, mas os documentos que saíram publicados na revista falam por si. Quando investigávamoso crime financeiro em Foz do Iguaçu, percebemos que a maior parte dessa lavagem de dinheiro desaguava na agência do Banestado em Nova York. Foi aí que conseguimos convencer as autoridades norte-americanas a fazer a maior quebra de sigilo bancário do mundo. Quase todas as operações envolviam pessoas jurídicas ou contas numeradas. Nas pequenas quantias é que apareceram ordens de pagamentos indicando alguns nomes. O nome de alguns coincide com o de algumas figuras da política nacional, o que torna o caso mais delicado. É por isso que a investigação tem que ter o olho da opinião pública em cima.
Tom Cruz
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração