A Polícia Federal investiga esquema de caixa dois eleitoral, comandado a partir da estatal Furnas Centrais Elétricas, que teria distribuído, em 2002, cerca de 40 milhões de reais a 156 políticos da base do então presidente Fernando Henrique Cardoso, especialmente do PSDB e do PFL.
As contribuições teriam partido de 88 empresas, clientes e fornecedores de Furnas. A informação provocou uma onda de negativas e gerou um ambiente de tensão no Congresso.
A Reuters obteve junto a uma fonte da PF uma cópia do documento. Outras cópias foram distribuídas no Congresso no final da tarde, provocando reação de líderes tucanos, que negaram a veracidade de repasses aos então candidatos José Serra (à Presidência, 7 milhões de reais), Geraldo Alckmin (governo de São Paulo, 9,3 milhões de reais) e Aécio Neves (governo de Minas, 5,5 milhões).
"Isso é inverossímil, é uma piada de mau gosto com nossos maiores líderes", disse o líder do PSDB no senado, Arthur Virgílio (AM). "Duvido da autenticidade da lista e duvido de qualquer esquema de caixa dois naquela época que não inclua políticos do PT."
Em São Paulo, Alckmin foi enfático. "Nós vamos tomar todas as medidas judiciais devidas. É uma falsificação grosseira. Isso aí lembra (dossiê) Ilhas Cayman. Vamos agir duro no sentido de coibir esse tipo de coisa. Não tem a menor procedência", disse o governador a jornalistas.
Serra foi na mesma linha: "Isso é mais falso que o dossiê Cayman."
O dossiê Cayman foi um conjunto de documentos divulgados em 1998, que vinculavam o então presidente Fernando Henrique Cardoso, o falecido governador Mario Covas e outros líderes tucanos como detentores de recursos ilegais depositados no paraíso fiscal do Caribe. A PF concluiu que o dossiê era uma fraude.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), também negou ter recebido 400 mil para sua campanha ao Senado.
CARTÓRIO
O documento em que se baseia a investigação tem a assinatura do ex-diretor de Furnas Dimas Fabiano Toledo, com firma reconhecida no Cartório do Primeiro Ofício de Notas do Rio. A autenticidade da assinatura e do registro, com data de 22 de setembro de 2005 foram atestadas em perícia preliminar, disse nessa quarta-feira uma fonte da PF.
Dimas Toledo será convocado pela PF para confirmar o conteúdo da lista. Procurado pela Reuters em seu telefone residencial, o ex-diretor não foi localizado.
Dimas foi mantido na direção de Furnas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e exonerado, em agosto do ano passado, quando o ex-deputado Roberto Jefferson o apontou como um dos organizadores do chamado "mensalão" --suposto esquema de pagamento de parlamentares pelo PT em troca de apoio em votações no Congresso.
Quarta-feira passada, em depoimento no inquérito da PF sobre desvios em Furnas, Jefferson confirmou ter recebido 75 mil reais para sua campanha a deputado, conforme consta no documento assinado por Dimas Toledo.
"Recebi os 75 mil em meu escritório, das mãos do Dimas Toledo", repetiu Jefferson nesta quarta, depois de prestar novo depoimento à PF, desta vez no inquérito que investiga o mensalão.
"O Dimas estava lá em Furnas colocado pelo PSDB e não ajudava o PT naquela ocasião", acrescentou o ex-deputado. Em 2002, o PTB de Jefferson apoiava a candidatura presidencial do hoje ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB).
DOZE PARTIDOS
O documento menciona doações de 2,4 milhões a quatro senadores eleitos e dois derrotados, um total de 14,4 milhões de reais a 147 deputados estaduais e federais de 12 partidos (PSDB, PFL, PMDB, PL, PTB, PP, PPS, PSB, PDT, Prona, PRTB e PSC), além de doações a prefeitos que teriam sido cabos eleitorais em Minas.
Os políticos que teriam sido beneficiados são de São Paulo, Minas, Rio, Bahia, Pernambuco, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Santa Catarina e Maranhão
O deputado Luiz Carlos Santos (PFL-SP), que era presidente de Furnas no governo passado, teria recebido 100 mil reais, segundo a lista.
"Isso é uma fantasia" reagiu Santos. "Estamos trabalhando para descobrir quem fez essa lista."
A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) negou ter recebido 75 mil reais e acusou o PT e a CUT de terem elaborado uma lista falsa, "Isso é a vingança do PT contra quem denunciou o valerioduto", afirmou
Para ler os nomes dos tucanos envolvidos com o caixa dois de Furnas acesse o site aqui: http://caixadoistucanodefurnas.blogspot.com/
Fonte: (Reuters)





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