Deu no jornal: "Em auditoria sobre o uso de cartões da Presidência, aprovada em sessão sigilosa, o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu cobrar explicações para a compra de bebidas alcoólicas e alimentos "refinados" para a Granja do Torto e o Palácio da Alvorada - residências oficiais do presidente.
Reunidos na denominação "gêneros de alimentação", esses itens consumiram pouco mais de R$ 608 mil no período de um ano e meio (2004 e primeiro semestre de 2005) e chamaram a atenção dos auditores do tribunal que analisaram os gastos - e sobretudo os saques em dinheiro - com os cartões, protegidos por sigilo."
"A Casa Civil da Presidência da República informou ontem à noite que bebidas alcoólicas e gêneros alimentícios "refinados" comprados com cartões de pagamento se destinaram a recepções e eventos sociais imprevistos promovidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice, José Alencar.
"Alguns desses eventos não possibilitam o planejamento com antecedência suficiente para a realização de licitação", explicou a ministra Dilma Rousseff, por meio de sua assessoria."
Bastou este pedido de esclarecimento para a assanhar a oposição doidivanas. O indefectível senador Arthur Virgílio, com a sordidez que lhe é peculiar, tratou de disparar a sua cantilena de ofensas do presidente Lula e ao PT, afirmando, entre outras coisas que o governo não é sóbrio nem na ética e nem na administração, além de fazer ironias acerca de um pretenso consumo elevado de cachaça e, também, criticando a compra de caviar pelo Gabinete da Presidência.
A imunidade parlamentar tem dessas coisas, permite a qualquer lorpa engravatado pregar todo o tipo de sandice preconceituosa que lhe vem à mente, sem o risco de ser processado por isto.
Mas o que merece destaque no episódio é uma idéia que não se expressa de forma clara, mas está entranhada no pensamento conservador e reacionário, qual seja a de que o presidente Lula, por ter origem no povo humilde e sofrido do Brasil, não tem direito a nenhuma das prerrogativas inerentes ao cargo (assunto já abordado com acuidade neste blog, por Gloria Leite). Na visão distorcida e intolerante dos que pensam como o senador (entre os quais jornalistas formadores de opinião e, suspeito, alguns ministros do TCU) é acintosa a idéia de um operário vindo da senzala desfrutar de supostos refinamentos que devem ser exclusividade das elites da casa grande.
Voltaire disse que pregar a verdade e propor alguma coisa útil para a humanidade é uma receita infalível para ser perseguido.
O senador Arthur Virgílio pode dormir tranqüilo. Desse perigo ele está livre.
PS: A todos os leitores um bom carnaval. Como disse Manuel Bandeira: Evoé Baco!
Jens
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