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sábado, 15 de maio de 2010

Dilma e Mandela: Bornhausen precisa receber aulas de história para não falar idiotices

O presidente Lula acertou em cheio quando comparou a trajetória de Dilma com a de Mandela, no horário do Partido dos Trabalhadores na TV.

Em 10 de abril de 2009, nós aqui do blog também já fizemos esse paralelo (publicado no "Os amigos da presidente Dilma"), em resposta à "reporcagem" idiota e falsa da Folha de José Serra (jornal Folha de São Paulo), quando publicou a ficha falsa de Dilma na ditadura.

Absurdas são as declarações do filhote da ditadura, deputado Paulo Bornhausen (DEMos/SC), quando vocifera: "Comparar o Mandela com a Dilma é diminuir a história política e a vida do Mandela. É um escárnio".

Escárnio é a idiotice das declaraçõs de Bornhausen. É coisa de quem não conhece a história e fica falando idiotices. É coisa de gente que enxerga Mandela apenas como "celebridade" e não conhece suas idéias, nem sua história de luta, muita luta política, depois armada e depois política de novo, que ele teve que enfrentar até chegar onde chegou.

Por isso vamos reprisar abaixo, o quanto for necessário, para que a verdade histórica prevaleça sobre a subcultura da idiotice e ignorância propagada em veículos como a Revista Veja, as Organizações Globo, e os Grupos Folha e Estadão, que subsidia discursos como os de Bornhausen.

Dilma Rousseff e Nelson Mandela, dois rebeldes com causa

10 de abril de 2009


A trajetória de Dilma Rousseff tem semelhanças com Nelson Mandela.

Se o apartheid na África do Sul era uma segregação racial, no Brasil a segregação era social.

Se Dilma vivesse na África do Sul no início da década de 60, certamente cerraria fileiras ao lado do CNA de Nelson Mandela, que não fugiu à luta, até pegando em armas quando foi preciso, contra o regime racista sul-africano.

E se Nelson Mandela vivesse no Brasil de 1969/1970 certamente cerraria fileiras ao lado de Dilma, na resistência à ditadura, contra a prisão, tortura e assassinato de operários e camponeses líderes sindicais, estudantes, e dos partidos de esquerda proibidos de exercer a política por via pacífica.

Ambos militaram em partidos de esquerda.
Ambos tiveram seus espaços de atuação política legal cassados.
Ambos integraram grupos guerrilheiros rebeldes.
Ambos foram presos.
Ambos participaram do processo de redemocratização de seus países.
Ambos lutaram para eleger e governar sua nação com justiça social.

Mandela é mais velho, mais conhecido mundialmente, teve uma trajetória mais longa, nos anos de chumbo na África do Sul já era o principal líder do movimento rebelde. Já passou pela presidência, e hoje desfruta da aposentadoria do guerreiro.
Dilma era mais iniciante nos anos de chumbo no Brasil, e ainda não chegou à presidência, mas está para chegar.


Nelson Mandela foi "terrorista"?

Para o antigo governo criminoso e racista sul-africano, foi. Para a imprensa da elite literalmente branca sul-africana também.

Mas o resto do mundo pensa diferente.

Em 1993, Mandela recebeu o prêmio Nobel da Paz.

Em 1994, foi eleito presidente da África do Sul, quando voltaram as eleições multi-raciais.


Até Fevereiro de 1990, Mandela ficou preso pelo regime racista (por 27 anos, desde 1962), que o acusava de "terrorista" por planejar ações armadas contra o governo algoz dos negros sul-africanos.

Antes disso, a África do Sul, pelos critérios da Folha de São Paulo, na "média", e aos olhos dos brancos, seria uma "ditabranda", já que para os brancos era uma democracia ocidental, mas para os negros era uma ditadura atroz. Para a mesma Folha, Mandela seria um "terrorista".

Mandela recebeu ofertas de liberdade condicional em troca da CNA (seu partido jogado na clandestinidade) renunciar à luta armada. Sempre recusou. Continuou estimulando a resistência, ainda que armada, contra a ditadura racista sul-africana, até que ela acabasse.

A trajetória política mais conhecida de Mandela começou na década de 40.

Mandela, como jovem estudante de direito, engajou-se na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população) direitos políticos, sociais e econômicos.

Ingressou no partido CNA (Congresso Nacional Africano) em 1942.

O CNA é um partido de esquerda, uma frente de tendência socialista, abrigou membros do Partido Comunista Sul Africano (PCSA), e travaram lutas juntos. Lutas político-partidárias quando puderam, e de guerrilha quando foram proibidos de existirem.

Desde a eleição de Mandela que o PCSA apóia o governo democrático encabeçado pelo CNA e participa dos ministérios.

Na eleição de 1948, os africâners do Partido Nacional, feitores da ditadura de segregação racial, chegaram ao governo.

Mandela exerceu a política de forte oposição contra a segregação racista, com atos de desobediência civil, como protesto proibidos, mas pacificamente enquanto pôde, pela via política, do CNA.

Após o massacre de Sharpeville (21 de Março de 1960), quando a polícia sul-africana abriu fogo contra manifestantes negros desarmados, matando 69 pessoas e ferindo 180, o governo racista decretou o CNA ilegal.

Com a ditadura sul-africana cometendo massacres e jogando o CNA na ilegalidade, as portas pacíficas para alcançar um regime de justiça racial na África do Sul ficaram fechadas.

Mandela e o CNA passaram ao único caminho possível de luta: pelas armas.

Enfrentando um exército poderoso do governo, suas ações tinham obrigatoriamente que ser guerra de guerrilha: ações clandentinas de sabotagens à alvos militares e governamentais.

Em 1961, Mandela tornou-se comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK).

Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo, para acabar com o apartheid.

Também viajou em coleta de fundos para o MK, principalmente junto a governos socialistas, e criou condições para um treinamento e atuação militar do grupo guerrilheiro, também recebendo apoio de governos socialistas.


Em 1962, após informes da CIA à polícia sul-africana, o "terrorista" e "comunista" Nelson Mandela foi preso.

Não é apenas o antigo governo criminoso e racista sul-africano que chamava Mandela de "terrorista". Era também o grupo de imprensa Naspers, que hoje detém 30% da editora Abril, dona da Veja.

PÉROLA NEOCON:

Mandela e o seu partido, o CNA, estiveram na lista negra do "terrorismo" americano até o 2008.

Segundo uma lei aprovada no mandato de Ronald Reagan, poderiam deslocar-se à sede das Nações Unidas, mas não estavam autorizados a viajar no resto do território americano.

"É uma vergonha que os Estados Unidos ainda trate o CNA desse modo somente porque o antigo regime apartheid da África do Sul classifica o partido de organização terrorista", disse o deputado Howard Berman, presidente da Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, em 2008.

"É incrível, Nelson Mandela precisa sempre de uma autorização especial para entrar nos Estados Unidos, por dirigir com valentia o ANC. Que vergonha!", acrescentou Berman em um comunicado, afirmando que o projeto de lei iria corrigir a situação.

Finalmente a 1 de Julho de 2008 (!!!) o então presidente Bush promulgou a lei aprovada pelo Senado.

Na foto: Mandela comemora a escolha da África do Sul como sede da Copa-2010
Em 2014 a copa será no Brasil, com Dilma na presidência.

11 Comentários:

José melquíades Ursi disse...

Repito: Acho ter entendido. A grande mídia incomodou-se com Lula por comparar especificamente Dilma com Mandela, sobretudo porque a comparação leva ao insconsciente de muitos de nós como comparados a Mandela. Sim, todos que lutaram de alguma forma contra a prepotência e arrogantes, e quem ainda luta para sobreviver em condições desfavoráveis pela submissão à "elite branca" tem um pouco da consciência e do ímpeto de Mandela. Assim, milhões de brasileiros sentiram-se próximos de Mandela pela intuição, mesmo sem consciência nítida, por serem Mandela de alguma forma.

Paulo Roberto Terra Martins disse...

Em termos de marketing a comparação é boa. Mas só. Mandela e CNA não são nenhum grupo de santinhos, não. No governo sul-africano, Mandela e sua turma locupletaram-se à vontade. Para conhecer um pouco mais da história do CNA após o apartheid, basta ler a boa matéria da Revista Piauí do mês passado.
Agora, que o Paulo Bornhausen é filhote da ditadura, isto ele é mesmo.

Geraldo Mendes disse...

Os tucanos são metidos a letrados, metidos a sabichões, mas são uns tremendos incompetentes e boçais. Como são preconceitusos de nascença, isso impede que eles aprendam. Toda vez que estão diante de fatos que contradizem suas crenças eles simplemente os negam, omitem, editam e deturpam. Coincidência ou não é o que faz o PIG todo dia nas suas páginas.

ana disse...

Madela constava nos registros do CIA como terrorista.
Peguem uma foto de Bornhausen e comparem com os africaners que verão semelhanças gritantes na aparecia e modus operandis.

Geraldo Mendes disse...

Post maravilhoso Zé. Parabéns.
O Merval achou a comparação absurda. Claro, é um absurdo para os demo-tucanos que ex-militantes de grupos que fizeram a luta armada contra a ditadura militar e petistas sejam vistos de forma postiva. Se for ex-militantes de grupos que fizeram a luta armada contra a ditadura militar e tucano tudo bem. "Campanha antecipada" petista não pode, mas se for tucana pode. Tá assim com tudo. Vergonhoso. Não temos imprensa livre no Brasil. Imprensa livre é isenta, se não é isenta tem que assumir, se não assume não é livre.

V disse...

EXCELENTE POST-REPORTAGEM-ARTIGO!!!
PARABÉNS!!!

Só uma correção lá no início, o jorge Bornhausen (conhecido como jorginho coca-cola nos anos 50-60), não é filhote da ditadura. É uma das Mães da ditadura, pois pariu de suas entranhas parte deste golpe contra o Brasil. Ele não foi mentor de nada, mentor foram os pais, os que ensinavam torturas e estratégias de repressão (e que graças ao STF permancerão soltos), ele só pariu o monstro e seguiu ordens. É um pseudo-intelectual, que depende de outros para produzir qq coisa e quando fica contrariado, atira sua ss babando para cima dos adversários.

ana disse...

O Lula como excelente estrategista desconstruiu o discurso de terrorista do PiG e demo-tucanos. O odio do PiG é esse. Assim como fizeram oom Lula no ultimo segundo do jogo o PiG iria relançar a ficha falsa de Dilma no jornal Nacional as vespera do dia da eleição para causar um grande estrago na candidatura do PT em 1989, com a edição do debate Lula x Collor. Tentariam desconstrui Dilma repetindo ROSEANA SARNEY. Temos que comparar não so Dilma a Mandela como mostrar a coragem d euma mulher que não se vergou diante da tortura. Quanto a terrorimos o Serra era da AÇÃO POPULAR que promoveu atentado no Aeroporto de Guarulhos na ditadura. Qual sua participação no atentado nos moldes da Al qaeda?

VERA disse...

"com Dilma na presidência.", se Deua quiser! E Ele há de querer!

Ary disse...

Se a família Bornhausen - a Folha, o Estadão, O Globo, a Veja... - fossem da África do Sul, ao lado de quem estariam? Resposta: Ao lado dos racistas, queimando negros nos pneus. Simples assim. Ou não? Se a família Bornhausen - e os mesmos veículos - vivessem no Brasil do século XVII, por exemplo, ao lado de quem estariam? Resposta: Ao lado dos traficantes de escravos e da elite vadia e branca. Simples assim. Ou não?

IV Avatar disse...

É no que dá o STF ter absolvido estes filhotes da ditadura tipo Bornhausen, Zé Agripino Maia,,na época da ditadura eles torturam Dilma,,,no momento continuam torturando esta mulher aguerrida que sempre lutou pela democracia.
Eles não passarão.

ANTÔNIO ALBERTO (Pe.Alberto) MENDES FERREIRA disse...

PERFEITOS TODOS OS COMENTÁRIOS. >>

QUANTO ÀS CRÍTICAS À CNA DE MANDELA : - não há nada perfeito e nem absoluto nesta "maledetta vita " ; sempre há espaço para melhorar e crescer - >>

QUANTO ÀS BABAQUICES DOS "BORNHAUSENS", JÁ DIZIA MEU TETRAVÔ :
"PÉ DE MANGA NÃO DÁ LARANJA " ...>>

DIGO EU : AQUELE PASTOR ALEMÃO, SÓ PODE TER PRODUZIDO ESSE CACHORRO, >>

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