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quarta-feira, 21 de abril de 2010

A vitória da blogosfera


Um fato muito significativo aconteceu nesta semana sem que talvez as pessoas tenham se dado conta de sua real dimensão. A Rede Globo retirou do ar uma campanha pelos seus 45 anos, que mal fora lançada, por pressão da blogosfera que denunciou a peça como propagando para o candidato tucano José Serra.

É importantíssimo ressaltar que não houve ação judicial, que nenhum partido fez queixa formal à emissora, mas que a movimentação nas redes sociais foi tão forte que o império global se viu pressionado a voltar atrás. O episódio revelou o poder da internet e dos blogs, que já se contrapõem à grande mídia, aliada a José Serra, e têm uma velocidade impressionante para veicular as informações e transformá-las em fato político.

A pretexto dos seus 45 anos, a Globo apresentou no domingo à noite, no Fantástico, a peça preparada para a comemoração. A coincidência do 45 ser também o número do PSDB não poderia ser alegada, pois seria tachada de pueril teoria conspiratória. Mas o texto da propaganda reforçava abertamente o slogan da campanha de Serra, de que “O Brasil pode mais”.

A “sutileza” que procurava passar despercebida estava na voz dos artistas globais enfatizando que “todos queremos mais, educação, saúde, amor e paz. Brasil, muito mais”. Parecia plataforma política e era. Um ouvido mais atento captou a mensagem e a colocou na rede. O assunto cresceu como bola de neve e virou pauta jornalística. A Globo, procurada, precisou dar uma resposta.

Em nota oficial na tarde de segunda-feira, antes mesmo que a campanha completasse 24 horas no ar, a Globo anunciava que suspendia a exibição da propaganda para não dar pretexto de ser acusada de tendenciosa. Segundo consta, parece que alguns artistas também se queixaram à emissora ao perceberem que tinham sido usados para reforçar uma campanha política que desaprovam.

Deve ter pesado na decisão da Globo um histórico de manipulação política, iniciado pela tentativa de evitar a vitória de Leonel Brizola ao governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1982; reforçado na ocultação da campanha pelas eleições diretas, em 1983 e 1984, e consolidado com a famosa edição do debate entre Collor e Lula nas primeiras eleições pós-ditadura, em 1989.

Como principal conglomerado de comunicação do país, a Globo terá um papel importante na cobertura das eleições presidenciais e se já começasse mostrando as armas nem poderia invocar um verniz de neutralidade. A reação da sociedade foi um aviso importante à grande imprensa, que, como já disse a presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito, representante da Folha de S.Paulo, faz o papel de oposição no país, já que a própria, coitadinha, “está profundamente fragilizada”. Do site direto da redação

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