José Serra correu atrás de Roriz, mas queria encontro com FHC escondido do eleitor

Encontro de Roriz com FHC, para troca de apoios: Roriz apoiando Serra, e Serra apoiando Roriz.

Joaquim Roriz (PSC/DF) tem votos no Distrito Federal, devido ao populismo clientelista, mas sua imagem tira votos no resto do Brasil, de quem se associada à ele. O motivo é o excesso de escândalos de corrupção que ocorreu em seus governos, incluindo a gênese do mensalão do DEM.

O último escândalo de grandes proporções envolvendo Roriz, antes do mensalão do DEM, o levou a renunciar ao mandato de senador, para não ser cassado, quando uma gravação dele próprio negociando uma partilha de dinheiro supostamente vindo de propina, ganhou o noticiário nacional.

Por isso José Serra (PSDB/SP) mandou, na surdina, no mês passado, seu coordenador de campanha e vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, e o presidente do partido, senador Sérgio Guerra, à casa de Roriz, para oferecer a legenda tucana para uma aliança, já que o esquema do PSDB no Distrito Federal foi desmontado com o mensalão do DEM, e Serra estava sem palanque lá.

Posteriormente, Roriz recebeu um telefonema do ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira, informando que o ex-presidente Fernando Henrique desejava um encontro, para selar a aliança. O encontro foi maracado para segunda-feira, 22, às 17hs, na residência do ex-presidente da República, em São Paulo, Higienópolis.

Serra imaginava amarrar o apoio de Roriz nos bastidores, perto dos olhos do eleitorado do Distrito Federal, mas longe dos olhos do eleitorado do resto do Brasil.

FHC não tive esse cuidado.

Eduardo Jorge foi receber Roriz no aeroporto e participou do encontro. O assessor de imprensa de Roriz, Paulo Fona, e a fotógrafa da assessoria, Sheyla Leal, acompanharam o encontro para produzir fotos de divulgação.

Já na noite de segunda-feira a eficiente assessoria de imprensa de Roriz divulgava o encontro nos portais da internet. Nos jornais do dia seguinte apareciam as fotos do encontro, para desespero de Serra.

José Serra e outras lideranças demo-tucanas se irritaram com divulgação no noticiário nacional. Queriam esconder do eleitor do resto do Brasil o sólido vínculo e afinidades políticas entre José Serra e Joaquim Roriz.

Com o vazamento para a imprensa, demo-tucanos quiseram simular reprovação à aliança com Roriz. Sérgio Guerra, que procurou Roriz em sua casa, tentou mudar a versão: "Nosso acordo com o PSC é nacional e não diz respeito às eleições estaduais". Arthur Virgílio disse que "Serra não precisa de palanque no DF".


A "indignação" demo-tucana foi desmascarada em pouco tempo. Roriz emitiu uma nota à imprensa rebatendo tucanos que o criticaram por seu encontro com FHC para selar uma aliança eleitoral.

A nota foi desconcertante, sobretudo para Sérgio Guerra, pois o desmente, ao revelar os bastidores das negociações que levaram ao encontro e da oferta de aliança, com a iniciativa partindo do PSDB, desde o início.


A trapalhada tucana, surtiu efeito contrário ao que queria Serra:

Perdeu votos no resto do Brasil ao ter sua imagem associada à Roriz, através do encontro com FHC. No Distrito Federal perdeu votos dos dois lados: de quem é contra Roriz, porque demonstrou uma aproximação por baixo dos panos. Ao causar mal estar com Roriz no DF, perde também o apoio dos aliados de Roriz em empenharem-se na campanha de Serra.