Em entrevista à "Folha de S. Paulo", a chefe da Casa Civil afirmou que quem defende mercado como solução para tudo está "contra a realidade"
FOLHA - Essa maior interferência do governo não levou a uma visão estatizante da economia e a um discurso eleitoreiro, como no pré-sal?
DILMA - As acusações são eleitoreiro, estatizante, intervencionista e nacionalista. Tem algumas que a gente aceita. Nacionalista a gente aceita. Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota. Eu não vi um americano ter vergonha de ser patriota, nunca vi um francês. Que história é essa de nacionalista ser xingamento?
FOLHA - Nacionalista vocês aceitam. E estatizante?
DILMA - Se é o aumento da capacidade de planejar o país, de ter parcerias com o setor privado, de o Estado ter se tornado o indutor do desenvolvimento, concordo.
FOLHA - Quando o presidente pressiona um dirigente de empresa privada, como Roger Agnelli, da Vale, não é uma ingerência indevida?
DILMA - Você acha certo exportar minério de ferro e importar produtos siderúrgicos? Ela é uma empresa privada delicada. Porque ela está explorando recursos naturais do Brasil. Você não pode sair por aí explorando os recursos naturais e não devolver nada. O presidente ficou chocado com empresas que demitiram bastante na crise sem ter consideração pelos empregos do país. Candidata à Presidência em 2010, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) diz que o Estado mínimo é uma "tese falida", que "só os tupiniquins" aplicam. Em sua opinião, quem defendia que o mercado solucionava tudo "está contra a corrente" e "contra a realidade".
Dilma 2010
Principal auxiliar do Presidente Lula, escolhida por ele para ser a candidata à sua sucessão, Dilma sai em defesa de Lula diante das críticas de que ele adotou uma política "intervencionista e estatizante". "Os empresários podem falar o que quiserem que é democrático. O presidente da República não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista. Diríamos assim, não é justo", protestou Dilma, num tom exaltado, em entrevista à "Folha de S.Paulo" na última quinta-feira, em seu gabinete.
Bem-humorada, a ministra afirmou não aceitar a pecha de "intervencionista", mas não escondeu o sorriso ao dizer que "aceita" e "concorda" que o governo Lula seja classificado de nacionalista e estatizante. "Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota", disse. Apesar de refutar a classificação de intervencionista, ela cobra da Vale, uma empresa privada, maior compromisso com o país. "não pode sair por aí "explorando recursos naturais do país e não devolver". Veja a seguir trechos da entrevista da ministra.
CRISE
"Tinha gente torcendo para ficarmos de braços cruzados na crise. Diziam: 'O governo Lula sempre deu certo, mas nunca enfrentou uma crise internacional'. Apareceu a maior crise dos últimos tempos, que estamos superando. Eu acho que quem defendia que o mercado solucionava tudo, o mercado provê, é capaz de legislar e garantir, está contra a corrente e contra a realidade. O que se viu no mundo nos últimos tempos é que a tese do Estado mínimo é uma tese falida, ninguém aplica, só os tupiniquins. Nós somos extremamente a favor do Estado que induz o crescimento, o desenvolvimento, que planeja."
GOVERNO NACIONALISTA
"As acusações são de que o governo é eleitoreiro, estatizante, intervencionista e nacionalista. Têm algumas que a gente aceita. Nacionalista a gente aceita. Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota. Eu não vi um americano ter vergonha de ser patriota, nunca vi um francês. Que história é essa de nacionalista ser xingamento?"
GOVERNO ESTATIZANTE
"Se é o aumento da capacidade de planejar o país, de ter parcerias com o setor privado, de o Estado ter se tornado o indutor do desenvolvimento, concordo. [Intervencionista] Não somos. Sabemos que quem não tem projeto vai achar tudo eleitoreiro."
VALE PRESSIONADA
"Você acha certo exportar minério de ferro e importar produtos siderúrgicos? Ela é uma empresa privada delicada. Porque ela está explorando recursos naturais do Brasil. Você não pode sair por aí explorando os recursos naturais e não devolver nada. O presidente ficou chocado com empresas que demitiram bastante na crise sem ter consideração pelos empregos do país. A preocupação com a riqueza nacional é uma obrigação do governo. Eu não acho que o presidente foi lá interferir na Vale. O Presidente manifestou, assim como muitas vezes os empresários manifestam, seu descontentamento, e não implica uma interferência, a gente tem de democraticamente aceitar as observações, ser capaz inclusive de aprender com críticas. Por que o presidente não pode falar? Eu acho interessante essa história, os empresários podem falar o que quiserem que é democrático, o presidente não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista. Isso, diríamos assim, não é justo."
FUSÕES
"São sinais dos tempos. Não tem nada de artificial. Ninguém falou 'eu vou ali criar uma empresa fortíssima'. As empresas estavam maduras. As que não se fundiram aqui compraram coisas lá fora." Leia a entrevista da ministra Dilma aqui
Dilma 2010
Principal auxiliar do Presidente Lula, escolhida por ele para ser a candidata à sua sucessão, Dilma sai em defesa de Lula diante das críticas de que ele adotou uma política "intervencionista e estatizante". "Os empresários podem falar o que quiserem que é democrático. O presidente da República não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista. Diríamos assim, não é justo", protestou Dilma, num tom exaltado, em entrevista à "Folha de S.Paulo" na última quinta-feira, em seu gabinete.
Bem-humorada, a ministra afirmou não aceitar a pecha de "intervencionista", mas não escondeu o sorriso ao dizer que "aceita" e "concorda" que o governo Lula seja classificado de nacionalista e estatizante. "Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota", disse. Apesar de refutar a classificação de intervencionista, ela cobra da Vale, uma empresa privada, maior compromisso com o país. "não pode sair por aí "explorando recursos naturais do país e não devolver". Veja a seguir trechos da entrevista da ministra.
CRISE
"Tinha gente torcendo para ficarmos de braços cruzados na crise. Diziam: 'O governo Lula sempre deu certo, mas nunca enfrentou uma crise internacional'. Apareceu a maior crise dos últimos tempos, que estamos superando. Eu acho que quem defendia que o mercado solucionava tudo, o mercado provê, é capaz de legislar e garantir, está contra a corrente e contra a realidade. O que se viu no mundo nos últimos tempos é que a tese do Estado mínimo é uma tese falida, ninguém aplica, só os tupiniquins. Nós somos extremamente a favor do Estado que induz o crescimento, o desenvolvimento, que planeja."
GOVERNO NACIONALISTA
"As acusações são de que o governo é eleitoreiro, estatizante, intervencionista e nacionalista. Têm algumas que a gente aceita. Nacionalista a gente aceita. Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota. Eu não vi um americano ter vergonha de ser patriota, nunca vi um francês. Que história é essa de nacionalista ser xingamento?"
GOVERNO ESTATIZANTE
"Se é o aumento da capacidade de planejar o país, de ter parcerias com o setor privado, de o Estado ter se tornado o indutor do desenvolvimento, concordo. [Intervencionista] Não somos. Sabemos que quem não tem projeto vai achar tudo eleitoreiro."
VALE PRESSIONADA
"Você acha certo exportar minério de ferro e importar produtos siderúrgicos? Ela é uma empresa privada delicada. Porque ela está explorando recursos naturais do Brasil. Você não pode sair por aí explorando os recursos naturais e não devolver nada. O presidente ficou chocado com empresas que demitiram bastante na crise sem ter consideração pelos empregos do país. A preocupação com a riqueza nacional é uma obrigação do governo. Eu não acho que o presidente foi lá interferir na Vale. O Presidente manifestou, assim como muitas vezes os empresários manifestam, seu descontentamento, e não implica uma interferência, a gente tem de democraticamente aceitar as observações, ser capaz inclusive de aprender com críticas. Por que o presidente não pode falar? Eu acho interessante essa história, os empresários podem falar o que quiserem que é democrático, o presidente não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista. Isso, diríamos assim, não é justo."
FUSÕES
"São sinais dos tempos. Não tem nada de artificial. Ninguém falou 'eu vou ali criar uma empresa fortíssima'. As empresas estavam maduras. As que não se fundiram aqui compraram coisas lá fora." Leia a entrevista da ministra Dilma aqui
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