O Brasil passa "dançando pela crise". A avaliação é do jornal britânico Financial Times, que veiculou ontem um caderno especial sobre o País. "Acontece que o Brasil, finalmente, após anos de promessas não cumpridas, está chamando a atenção mundial - e sugando investimento estrangeiro direto, enquanto muitos rivais ficam sem nada", escreveu o jornal.
A publicação parte da movimentação dos negócios em torno da tradicional festa junina de Caruaru, em Pernambuco, para concluir que o mercado doméstico brasileiro é capaz de amparar não somente marcas específicas, como indústrias inteiras. É o caso, por exemplo, do carro bicombustível, feito para o mercado nacional e responsável por 90% das vendas de novos veículos no País.
"(O Brasil) é uma democracia madura, com uma economia diversificada e população jovem e adaptável deleitando-se de emprego estável e da renda em alta", elogia o FT.
No entanto, apesar de parecer que o Brasil sairá da crise antes do esperado, não significa que está imune à retração global. O governo teve, em maio, o primeiro déficit primário desde 1999, refletindo a queda na arrecadação e os gastos com pacotes de estímulo. A princípio, a informação poderia não preocupar, diz o FT, já que muitos países enfrentam déficits maiores neste período.
"Mas é exatamente pelo fato de ter feito muito para colocar a casa em ordem que o Brasil se tornou tão atrativo para os investidores." O jornal também lista o atraso de reformas consideradas estratégicas, aguardadas desde o governo Fernando Henrique Cardoso. A falta de infraestrutura, com estradas dilapidadas, a ameaça da violência e a aceitação da corrupção como algo comum são outros problemas apontados.
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