É coisa de 'quem não tem mais nada a fazer'
O Presidência Lula disse neste domingo, 17, em Riad, na Arábia Saudita,que a instauração da CPI da Petrobras é uma "questão político-eleitoral". De acordo com ele, a decisão de manter as assinaturas do requerimento para a implantação da CPI, tomada por 30 senadores, é coisa de "quem não tem mais nada a fazer". As declarações foram feitas em entrevista coletiva em Riade.
Para o presidente, a instauração da CPI não causa temor algum ao governo. "Do ponto de vista prático, não tem receio nenhum", afirmou. Lula disse que todos os comentários que tinha sobre o assunto foram feitos na base aérea de Brasília, antes da viagem. Na oportunidade, o Presidente afirmou que a CPI não era do Congresso Nacional, e sim "do PSDB". "Não vou tocar em um assunto que é interesse específico do Senado. Todas as pessoas ali têm dados suficientes para fazer o que entenderem melhor", reiterou.
Lula lamentou que a investigação seja aberta em um "momento de ouro na área do petróleo", quando o governo proporá um debate nacional sobre o novo marco regulatório do setor. "Estamos viajando o mundo em busca de recursos para que a Petrobras possa intensificar a exploração do pré-sal", disse. "Não podemos transformar isso em uma questão política-eleitoral envolvendo a empresa mais importante que o Brasil tem." Ele, então, voltou a disparar contra os partidários da CPI: "De qualquer forma, se as pessoas que assinaram o requerimento não têm mais nada para fazer, que façam. Nós vamos continuar tocando o barco".
Acordos
Durante os dois dias em que esteve no país árabe, Lula se encontrou com o rei saudita Abdullah Bin Abdulaziz Al Saud e discutiu com ele importantes acordos entre os dois países.
Neste domingo, Lula discursou para empresários sauditas e brasileiros e assistiu a assinatura de acordos de parceira entre a Petrobras e uma empresa saudita para a exploração de petróleo calcinado na Arábia Saudita.
O petróleo calcinado é um minério de carbono que é usado em usinas termoelétricas e empresas de alumínio e aço.
"A assinatura deste acordo era um grande desejo meu, eu queria muito que esta parceria fosse concretizada", revelou Lula.
A Confederação Nacional da Indústria e a Câmara de Comércio Árabe Brasileira assinaram acordos de cooperação com a Câmara de Comércio e Indústria de Riad.
Outra empresa brasileira, a Biocomm, assinou uma parceria para produzir insulina humana na Arábia SauditaNo sábado, o Brasil já havia assinado importantes acordos estratégicos em setores como o petrolífero, industrial, de investimentos e turismo.
Os acordos abrem a possibilidade de amplos investimentos mútuos nos próximos anos.
Segundo o Itamaraty, os acordos incluem ainda o desenvolvimento científico, tecnológico, hídrico, elétrico e de infra-estrutura, o que abriria caminho para empresas brasileiras e pessoas físicas interessadas em entrar em projetos bilionários que a Arábia Saudita planeja em seu território.
No setor de energia, os dois países firmaram cooperação em projetos petrolíferos, de gás, de mineração e de petroquímicos.
O setor de alimentos também foi incluído, onde o Brasil já possui grandes negócios com o governo saudita, como nas áreas de produtos agrícolas e pecuários.
Comércio
O governo brasileiro quer ampliar o volume de comércio com o país árabe. No ano passado, o Brasil exportou US$ 2,56 bilhões (cerca de R$ 5,34 bilhões) para o país.
A Arábia Saudita é o maior parceiro comercial do Brasil na região.
Pelo acordo, brasileiros e sauditas deverão "estimular a expansão e a diversificação de suas relações comerciais, incluindo o intercâmbio de bens e serviços".
Brasil e Arábia Saudita também assinaram acordos de cooperação em áreas de infra-estrutura para o desenvolvimento de ferrovias, transportes, aviação, construção de estradas, telecomunicações, energia e tratamento e reciclagem de lixo.
Foram incluídos ainda intercâmbios nas áreas de esportes, mídia, televisão, rádio, publicações e turismo.
Blocos
O Brasil vem aumentando sua presença econômica e estratégica no mundo árabe nos últimos anos, especialmente na região do Golfo, e conta com a Arábia Saudita como aliada.
Lula falou do esforço brasileiro em destravar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês).
O GCC foi idealizado pela Arábia Saudita e é formado ainda por Emirados Árabes Unidos, Omã, Kuwait, Bahrein e Catar.
"O Brasil tomou a iniciativa de liderar as negociações em nome do Mercosul para avançarmos neste tratado com o bloco árabe", disse.
As negociações foram iniciadas em 2005, durante a 1ª Cúpula América do Sul Países Árabes (ASPA) e retomadas durante o segundo encontro da ASPA em Doha, no Catar, em março deste ano.
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