O jornalista Ricardo Noblat nos visitou e deixou o seguinte comentário justificando-se a respeito da nota "Noblat recebe mensalinho do Senado" que publicamos aqui:
"Completou 10 anos no último dia 19 o programa semanal Jazz & Tal que faço para a Senado FM.
Durante 113 meses, entre março de 1999 e agosto de 2008, paguei do meu bolso todos os custos do programa. Foram 493 programas ao custo mensal de R$ 1.200,00.
Devo ser o único brasileiro que até hoje doou dinheiro ao Senado - 135.600,00 (113 meses x R$ 1.200,00). Fi-lo porque qui-lo.
Na época, era medíocre a qualidade de produção da rádio Senado. Procurei uma produtora em Brasília - a Linha Direta. Ela cuida do programa. Gosto das coisas bem feitas e topo pagar por elas.
Em setembro último, sugeri à direção do Senado que a rádio arcasse com os custos do programa pagando diretamente à produtora. Do contrário suspenderia o programa.
Disseram-me que não era possível. Firmaram então um contrato comigo no valor mensal de R$ 3.360,00. Descontados impostos e o que pago à produtora (R$ 1.750,00), restam-me por mês R$ 490,00. Preciso de mais 23 anos a R$ 490,00 por mês para recuperar os R$ 135.600,00. Não viverei tanto. Quanto ao "Noblat" não ter aparecido no ato de publicação do contrato no site do Senado, nada tive a ver com isso. O contrato foi assinado com meu nome completo. Peçam explicações ao Senado. Noblat
ricardo noblat | Homepage | 03.20.09 - 6:33 pm"
Confesso que fiquei comovido com a paixão de Noblat pelo Senado, a ponto de ter como capricho doar R$ 1.200,00 religiosamente, todo santo mês, durante quase 10 anos, àquela casa legislativa, onde o que não falta é dinheiro.
Acredito que nem o "Diretor de Jazz" do Senado (existe?), é capaz de tamanho mecenato.
Mas vamos deixar o inusitado de lado, e vamos ao que interessa, que é o dinheiro público.
Ainda que Noblat tenha como hobby doar R$ 1.200,00 por mês ao Senado, isto é problema dele, mas quando o Senado faz um contrato, sobretudo sem licitação, para lhe pagar o "mensalinho" de R$ 3.360,00 por mês, com dinheiro público do orçamento da união, é problema nosso.
Se não havia verba para esse programa antes, não há razão para o Senado aumentar despesas agora, quando o clamor popular é por austeridade nas contas do Senado.
A Rádio Senado tem por função cobrir as atividades legislativas da casa. O resto é o resto, e para encher vazios na programação ela pode reproduzir programas das rádios educativas, sem onerar o contribuinte.
Mas na explicação dada por Noblat, tem outras peculiaridades interessantes.
Segundo ele o programa custava R$ 1.200,00.
Logo, se estão pagando o "mensalinho" de R$ 3.360,00, já há um claro superfaturamento aí, uma vez que a justificativa apresentada, seria que a rádio arcasse com os custos, e estes seriam de R$ 1.200,00 segundo o próprio Noblat
Entendo que há impostos, etc, mas se sobra R$ 1.750,00 para a produtora e R$ 490,00 para ele, totalizando R$ 2.240,00 líquidos, há um superfaturamento de R$ 1040,00 sobre o custo.
Se não é superfaturamento, então não é apenas arcar com os custos, é também arcar com os lucros.
Outro exotismo, que não entendi, é por que o Senado faz o contrato com ele, e ele paga a produtora, quando o normal seria o inverso.
Esse tipo de triangulação costuma ser empregado nas práticas popularmente conhecidas como "laranjas", mas longe de mim pensar que seria o caso do abnegado mecenas do Senado.
Da mesma forma, longe de mim pensar que tal mecenas seria capaz de fazer o repasse de R$ 1.750,00 à produtora de forma informal, naquilo que vulgarmente é conhecido como caixa-2.
Leia também http://osamigosdapresidentedilma.blogspot.com/
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração