O Brasil aumentará sua importância no mundo nos próximos dez anos e não deve temer a abertura da economia. O Mercosul, por sua vez, já não é tão importante para aumentar a força do país nas negociações internacionais. Estas são algumas das opiniões majoritárias colhidas pelo cientista político Amaury de Souza na pesquisa "Agenda Internacional do Brasil Revisitada".
A maioria absoluta dos entrevistados - 97% - concorda que o Brasil deve aumentar o seu envolvimento em assuntos internacionais. Para 91%, a presença mundial do país deverá crescer nos próximos dez anos. Na avaliação da "comunidade brasileira de política externa", Argentina (95% dos entrevistados), EUA (94%) e China (92%) estão no topo da hierarquia dos interesses do Brasil.
É crescente a percepção de que o Brasil é capaz de defender seus interesses na globalização. Na pesquisa realizada em 2001, 75% dos entrevistados consideravam o protecionismo dos países ricos uma ameaça aos interesses brasileiros. Hoje, 50% têm essa opinião. Apenas 38% acham que a desigualdade econômica e tecnológica entre o Norte e o Sul representa uma ameaça e somente 15% temem o poder econômico dos EUA.
Para 65% dos entrevistados, o Brasil deve fortalecer a sua liderança regional, enquanto 74% querem que o país garanta a democracia na região e 70%, que integre a infra-estrutura física dos países. O apoio ao Mercosul está diminuindo. A maioria ainda defende o fortalecimento do bloco, mas o nível de aprovação caiu de 64%, na pesquisa de 2001, para 54%. O percentual dos que vêem benefícios no acordo caiu de 91% para 78%.
Hoje, metade dos entrevistados acha que o Brasil não necessita do Mercosul para aumentar seu poder de barganha nas negociações internacionais. Em 2001, 78% julgavam o Mercosul necessário para isso. As opiniões se dividem também quanto à reivindicação de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Do total de entrevistados, 58% consideram o tema "muito ou extremamente importante", e 42% têm opinião contrária. O apoio ao pleito brasileiro vem caindo. Em 2001, era de 76%. Agora, diminuiu para 54%.
Nada menos que 88% dos entrevistados vêem a abertura da economia como algo benéfico. Apenas 4% acreditam que ela seja prejudicial ao Brasil. Quarenta e um por cento defendem a protelação sine die da aprovação, pelo Congresso, da entrada da Venezuela no Mercosul. Do total, 15% rejeitam o ingresso e 37% o aprovam.
Uma maioria significativa dos entrevistados (65%) apóia a "integração profunda" da América do Sul, enquanto 33% sugerem uma integração seletiva. Curiosamente, 73% condicionam acordos com os países sul-americanos à inclusão de disciplinas sobre propriedade intelectual, proteção aos investimentos, liberalização de serviços e compras governamentais. Numa mudança de opinião surpreendente, a maioria dos entrevistados apóia a inclusão, nos acordos comerciais, de cláusulas de proteção de direitos trabalhistas e do meio ambiente. Em 2001, 31% eram favoráveis a isso. Hoje, são 66%.
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