A economia do Nordeste não deverá sofrer os impactos negativos da crise financeira mundial e manterá, em 2008, a tendência verificada nos últimos anos, de crescimento acima do nacional. A avaliação é do economista Alexandre Rands, sócio da Datamétrica Consultoria, com sede no Recife, que projeta um aumento de 5,50% para o PIB nordestino e de 5,18% para o brasileiro. "O Nordeste deve continuar crescendo mais, está numa situação favorável na atração de investimentos em relação a outros estados", analisa Rands, embora acredite que os anúncios de novas fábricas serão reduzidos em 2009 ou pelo menos protelados.
Na região, ele destaca Pernambuco e o Maranhão com previsões para 2008 de elevações do PIB de 6,10% e 6,95%, respectivamente, seguidos pelo Rio Grande do Norte, com 5,41%. Nos dois primeiros estados, o crescimento decorre de resultados da infra-estrutura rodoviária - implantada em governos anteriores - e de recursos naturais como os minérios e o avanço da produção de grãos, enquanto no Rio Grande do Norte é o turismo que puxa o desenvolvimento do estado.
Responsável por cerca de 40% do PIB regional, pelos estudos da Datamétrica, a Bahia deve crescer 5,35% e o Ceará, que junto com Pernambuco tem cerca de outros 40% de participação, 4,78%. "Estes estados estão superando seus problemas e retomando a produção industrial que, no caso do Ceará, sofreu muito com a importação", diz Rands. Para o Piauí, a projeção é de um crescimento de 5,09% e de 5,06% para a Paraíba. Sergipe, que tem um dos melhores PIBs per capita da região, terá uma elevação de 4,87%. O pior desempenho ficará com Alagoas que aumentaria seu PIB em 4,12% em 2008.
Se a indústria nordestina não terá boas lembranças deste ano, o mesmo não se pode dizer da agropecuária. A estimativa de crescimento do Valor Bruto de Produção Agrícola do Nordeste é de 10,9%, acima da brasileira, de 9,07%.
Para 2009, Alexandre Rands prevê um cenário mais otimista que os já apontados após a crise internacional e um crescimento do PIB nacional da ordem de 3,55% e de 3,81% para o Nordeste. "Já se fala em apenas 3,1% para o Brasil, mas não acredito que vamos crescer tão pouco e não me surpreenderia se chegarmos a 4%. A nossa economia está bem estruturada para isso e, 3,55% é um bom padrão para um país em desenvolvimento", considera.
Os grandes projetos em construção em Pernambuco, como a refinaria da Petrobras e o Estaleiro Atlântico Sul, atingirão o pico das obras em 2009, tornando-se fundamentais para que o Estado cresça ao menos 4,20%. O Maranhão, que tem quase R$ 40 milhões em projetos agendados e em implantação, cresceria 5,06%. A desaceleração do crescimento dos Estados e, consequentemente, do Nordeste, segundo Rands, reflete a redução de demandas e das vendas retraídas com a crise.
A elevação do dólar não deve trazer um efeito imediato nas exportações da região, concentradas em commodities agrícolas ou minerais e que não têm sua produção focada no mercado externo. "Fora a Ford, da Bahia, que ainda assim depende de uma estratégia mundial para voltar a exportar, não vejo uma elevação rápida nas exportações. Isso só deve ocorrer se o câmbio continuar alto nos próximos dois a três anos", analisa.
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