A Satiagraha é uma operação da PF com suporte do governo. Protógenes fez muito, mas não é um justiceiro solitário.

É sinal de desespero o PIG ficar chafurdando o uso de carros importados apreendidos pela justiça e requisitados por policiais, tais como Protógenes Queiroz, em vez de discutir o conteúdo da operação Satiagraha.

Está claro que Protógenes Queiroz é um policial honesto que não aceitou suborno, e ainda agiu para prender os meliantes, enfrentando interesses poderosos.
Não sabemos qual é sua real posição política em relação ao governo, porque ele nunca se manifestou explicitamente, mas isso pouco importa, desde que ele seja um policial íntegro.

Voltando ao PIG, é sinal de maior desespero ainda do PIG a tese de que Protógenes seria um justiceiro solitário, contra tudo e contra todos na PF e no governo, fazendo uma investigação paralela fora-da-lei.

E é triste ver o fogo amigo da imprensa mais progressista revender essa tese aos leitores - para alegria dos advogados de defesa de Dantas.

No dia 8 de julho, a Operação Satiagraha mobilizou cerca de 300 POLICIAIS, para cumprir 24 mandados de prisão e 56 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador.

Nenhum delegado sozinho na PF consegue mobilizar tanta gente em 4 cidades sem apoio logístico da direção da PF.

Além disso, basta ler os laudos do próprio relatório parcial da operação Satiagraha (versão de 23 de junho de 2008) subscrito pelo próprio delegado Protógenes, vazado para a Internet.

Vemos que:

- Foi o INC (Instituto Nacional de Criminalística) da PF que periciou os 5 Discos Rígidos apreendidos na operação Chacal, e deu susbsídios para prosseguir a Satiagraha. São 3 laudos periciais, todos em 2008.

(Estes 5 discos ficaram sob guarda da PF, mais de 3 anos lacrados, e se houvesse uma operação abafa, a melhor forma seria adulterar seu conteúdo antes da perícia):

- "o Banco Central do Brasil e Receita Federal, contribuíram sobremaneira nesse primeiro estágio de investigação" [Palavras assinadas por Protógenes]:

- O COAF rastreou ilícitos no Opportunity, e encaminhou ao DFIN (Divisão de Repressão a Crimes Financeiros), órgão da Polícia Federal, relatório este que também foi usado na Satiagraha:

Este próprio relatório de Protógenes mostra que a Satiagraha foi uma operação contando não só com colaboração ativa de diversos órgãos da PF (INC, DFIN), como de outros órgãos do governo como o Banco Central, Receita Federal e COAF.

Portanto, a operação só chegou onde chegou, porque o governo Lula criou estruturas republicanas em todos estes órgãos que trabalharam à salvo de interferências políticas, senão total, pelo menos o suficiente para terem êxito.

Está claro que Protógenes bateu de frente com gente da PF, que tanto podem ser pessoas corrompidas, como também podem ser servidores zelosos querendo evitar a ação de novos delegados Brunos. Podem ter desconfiado de Protógenes estar justamente trabalhando a favor outros interesses, quando ele se negava a dar informações suficientemente claras aos superiores.

A acusação de sabotagem de gente da PF à Protógenes por negar recursos, tanto pode ter fundamento, como pode ser uma avaliação de indisciplina por seus superiores. E é preciso lembrar que a mesma indisciplina que fosse tolerada para Protógenes, serviria para favorecer a atuação de outros "delegados Brunos".

No atacado, a instituição PF e o governo Lula tem tudo a ver com êxito da Satiagraha. Só não vê quem não quer.

No varejo, pode haver conflitos pontuais que geram dúvidas, ainda pendentes de solução por causa de divisões na PF, e divisões políticas de sustentação do governo, que fazem forte pressão.

Mas é muito injusto crucificar o governo pelo varejo em detrimento do atacado.

Só há essa escandalização da Satiagraha é porque a REAÇÃO foi poderosa e violenta de setores do Judiciário, Legislativo e até de dentro do governo, contrariados com a AÇÃO deste próprio governo que deu suporte suficiente para a operação acontecer.

Como a investigação corre sob sigilo, ninguém fala de fato sobre toda a verdade dos bastidores da operação, e cada um noticia o que bem entende, especulando de acordo com os interesses de cada um.

O dia em que a Polícia Federal tocar a campaínha de novo em mais algumas portas do pessoal ligado ao Opportunity, muita gente morderá a língua.