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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O Presidente Lula sabe radicalizar. Mas quem segura o rojão?

Tem muita gente confundindo popularidade com pressão popular. Popularidade é apoio passivo. Pressão popular é apoio ativo.

O próprio povo que elegeu Lula presidente duas vezes, também elegeu um Congresso conservador e arcaico. Isso já foi uma forma de negar apoio ativo ao governo Lula.

João Goulart teve 82% dos votos para voltar ao comando do governo, com o plebiscito do presidencialismo, em janeiro de 1963. Tinha muita popularidade. Pouco mais de um ano depois, foi deposto, sem que houvesse reação popular suficiente para resistir, ao contrário do que aconteceu com Chavez na Venezuela.

Na campanha das Diretas Já, milhões e milhões de brasileiros foram às ruas em comícios históricos monumentais. Houve enorme pressão popular. A emenda das Diretas Já perdeu em votação no Congresso. O mesmo povo que foi às ruas aceitou passivamente o resultado afrontoso de apenas 500 Congressistas, e passaram a apoiar Tancredo contra Maluf em eleições indiretas.

Durante o "mensalão", o governo ficou quase sozinho apanhando igual "João Bobo" (aquele boneco de brinquedo que balança para todos os lados, mas volta a ficar em pé). Dessa vez a pressão popular que a oposição esperava e não teve, ajudou o governo evitando o impeachment. A oposição apostou na corrosão da popularidade. Funcionou durante o auge do "mensalão", a popularidade despencou. Depois, pela resistência do governo, pelo bom governo e pela picaretagem da oposição e do PIG, o povo abriu os olhos e venceu em 2006.

No primeiro mandato, o presidente não reprimiu movimentos sociais, recebeu o MST no Planalto, tirou foto com o boné, sob protestos da elite, do PIG, e do outro presidente do STF de então, Maurício Correa. A pressão popular do MST (mesmo fazendo oposição em alguns momentos) deu condições políticas à Lula de tocar a reforma agrária, dentro do possível, bem melhor do que se o MST estivesse acomodado criticando.


Também no primeiro mandato, Lula comprou briga com o presidente do STF: Maurício Correa. O Ministro da Justiça da época, Marcio Thomaz Bastos propôs a reforma do Judiciário. Maurício Correa entendeu ser interferência entre os poderes e viveu às turras com o governo. Mas a reforma começou a andar. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça, que agora Gilmar Mendes quer capturar só para ele), foi criado para que o Judiciário tenha controle externo, por pressão do governo Lula.

Essa reforma do judiciário é bem mais ambiciosa, quer reduzir o número de recursos para acelerar a justiça e reduzir a impunidade. Está devagar, quase parando, por falta de "vontade" do Congresso e falta de pressão popular.

Ainda no primeiro mandato, o presidente encaminhou ao Congresso projeto de lei que previa a criação do CFJ (Conselho Federal de Jornalismo). Teria poderes para orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão e a atividade de jornalismo - inclusive punir jornalistas por má conduta, falta de ética, assim como a OAB faz com advogados. Sob intenso bombardeio do PIG e da oposição, alegando interferência na liberdade de expressão, o governo ficou sozinho, e o projeto não foi à frente. Houvesse pressão popular no Congresso, o PIG não teria licença para matar reputações e fabricar crises como tem hoje.

A CUT fez o pedido de impeachment de Gilmar Mendes e fez protestos em Brasília, a adesão popular foi pequena. A UNE também fez vigília em frente ao STF. A adesão popular também foi pequena.

Yeda Crusius, balançou no Rio Grande do Sul, acreditei que ela iria acabar caindo, mas se mantém no governo, porque a pressão popular foi insuficiente.

No ano passado teve uma semana pela democratização das concessões de rádio e TVs com manifestações pelo Brasil, houve pouco comparecimento.

O Presidente Lula percorre o Brasil, em várias cidades lançando obras do PAC diretamente com a população. A popularidade é grande, mas o comparecimento popular é pequeno perto do que poderia ser.

No 7 de setembro, houve oportunidade para cada brasileiro se manifestar como quisesse. Protestar, levar cartazes. Serra, por exemplo, foi vaiado.

Enfim, a mesma massa dos brasileiros que dá alta popularidade ao governo Lula, não está interessada em radicalizar na ruas. Radicalizar pra quê? Mudar a linha editorial da Veja, do Estadão, do Globo? Pra quê? Se eles simplesmente não compram, não lêem e não querem saber o que o PIG escreve? Resta a TV Globo que perde audiência, e o JN que, apesar do esforço, pouca influência tem de fato na opinião pública.

E por que não interessa radicalizar, para a maioria dos cidadãos? Para não desestabilizar o bom governo, o país, a economia, o emprego, as conquistas suadas.

Essa agenda das crises do PIG e da oposição é nossa, que acompanhamos o dia a dia da política, e dos partidos. Estamos lutando avançados, no que resta do território da oposição.

Mas o governo não deve governar só para a gente, comprando apenas nossas brigas. Deve governar para a maioria que não quer radicalizações, por mera provocação da oposição e do PIG.

A radicalização também custa caro ao povo brasileiro, caso não segure o rojão com pressão popular sobre congressistas.

Apoios de Parlamentares em CPI's, vetar convocações de Ministros, vencer votações, são cobrados com cargos e verbas. E quanto mais radicalizado o ambiente, maiores as exigências por recompensa em forma de cargos e verbas.

Daí a opção feita com cálculo político do presidente, de avançar nos conflitos com o que está errado, mas sem radicalizar excessivamente no confronto.

Lamentavelmente o salto alto de muitos progressistas que já se dão ao luxo de discutir se o presidente deveria sair no tapa com Gilmar Mendes, assimilando a cartilha tipicamente udenista pregada pelo PIG, custará a perda de algumas prefeituras este ano para conservadores, devido à falta de foco em uma agenda progressista e clareza em quem é o inimigo, e quem realmente faz o jogo lesa-pátria da impunidade e da corrupção.

O caso Daniel Dantas, repete o Sanguessuga. Tiraram Serra do noticiário e colocaram os aloprados petistas, às vésperas da eleição de 2006.

Agora acontece a mesma coisa, também às vésperas das eleições.

Daniel Dantas que era 100% na conta de Serra, FHC, Alckmin, Aécio, ACM Neto, o PIG está conseguindo deixar o nome deles fora do noticiário, e direcionando a escandalização justamente para o lado do governo que colocou Dantas na cadeia.

Do PIG a gente já esperava isso, mas parte da blogosfera progressista assimilar esse discurso udenista de bombardear o governo em plena campanha eleitoral com a pauta traçada pelo PIG, é inacreditável.

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