O delegado Protógenes Queiroz já é "marrento", e está arredio em não comparecer à CPI dos grampos desta quarta-feira.
A CPI é presidida pelo Dep. Marcelo Itagiba (PMDB/RJ), também delegado da polícia federal licenciado, e faria mais sentido Protógenes Queiroz interrogar Itagiba do que o inverso, pois Itagiba recebeu doações de campanha de Dorio Ferman, presidente do Banco Opportunity, preso na operação Satiagraha (ver nota acima).
Assim, Itagiba acaba no caldeirão de suspeitos de serem da bancada de Daniel Dantas.
Em 2002, atitudes de Itagiba prestaram relevantes serviços à José Serra e Daniel Dantas.
Caso Serra vencesse aquela eleição, todos dizem que Itagiba seria o chefe da Polícia Federal. Serra perdeu, e Itagiba tornou-se primeiro sub-secretário, e depois secretário de segurança pública de Rosinha Garotinho no RJ.
Sob a gestão de Itagiba no RJ, seu chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins (atual deputado Estadual pelo mesmo PMDB de Itagiba e Garotinho), aparece envolvido em máfias de caça-níqueis, milícias e diversos ilícitos.
Álvaro Lins foi preso em flagrante recentemente durante a operação Segurança Pública S/A. Antonhy Garotinho foi indiciado na mesma investigação como o chefe que dava suporte político à quadrilha.
Itagiba, por enquanto, não aparece nas falcatruas, mas não deixa de ser curioso, um policial formado na inteligência da PF, como Itagiba, não perceber uma organização criminosa atuando debaixo de seu nariz.
De qualquer forma, Itagiba deveria sentir-se impedido de presidir a sessão da CPI sempre que houvesse depoimento de pessoas envolvidas na operação Satiagraha. Há claro conflito de interesses:
- O primeiro é ter sua campanha financiada por Dorio Ferman do Opportunity.
- O segundo é que em 2002, Marcelo Itagiba, quando era superintendente da PF no RJ, trocou toda a equipe da Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Delecoie). Este grupo, liderado pelo delegado Deuler Rocha, foi afastado do inquérito que investigava a privatização da Telebrás - fato que deve ter agradado muito Daniel Dantas.
Deuler Rocha era especializado em inquéritos sobre escândalos financeiros, como o do caso Marka (Cacciola), e focava as investigações em Ricardo Sérgio de Oliveira, homem da mala de Serra.
Marcelo Itagiba, antes de 2002, foi assessor de José Serra no Ministério da Saúde, onde pesa acusações de ter montado um esquema de espionagem política. Entre suas atuações polêmicas, está operação Lunus, para retirar Roseana Sarney do caminho de José Serra na disputa presidencial de 2002.
Protógenes Queiroz alega que nada poderá falar à CPI, pois o processo corre em segredo de justiça, alega também que atrapalhará seu curso na PF, já alegou estresse como motivo de saúde impeditivo, e ingressou no STF para não comparecer à CPI (será curioso se a petição de Protógenes cair nas mãos de Gilmar Mendes).
Mas, claramente, o motivo para não desejar ir à CPI é outro: não quer prestar esclarecimento a dois deputados financiados pelo grupo de Daniel Dantas: Marcelo Itagiba e Raul Jungmann.
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