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sexta-feira, 30 de maio de 2008

MP denuncia Garotinho por formação de quadrilha armada


O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) foi denunciado ontem pelo Ministério Público Federal ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região por formação de quadrilha armada. Álvaro Lins, ex-chefe da Polícia Civil de Garotinho, foi preso apesar de ser deputado estadual (PMDB-RJ) e contar com imunidade parlamentar. Garotinho é acusado de acobertar politicamente um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e facilitação de contrabando da Polícia Civil então chefiada por Lins. O esquema tinha ligação com a chamada máfia dos caça-níqueis e com a delegacia de Meio Ambiente do Estado.

Lins foi chefe da Polícia Civil na época em que Garotinho foi governador do Estado, entre 1998 e 2002. Também ocupou o cargo quando Garotinho assumiu a Secretaria de Segurança no governo seguinte, de Rosinha Matheus, mulher do ex-governador. Pela manhã, agentes da PF fizeram buscas na casas de Garotinho no Rio e em Campos (RJ). Em seu blog na internet, Garotinho disse que a diligência da PF na sua casa do Rio, onde estava com a família, foi uma "covardia". "É política. Tudo política", disse.

Segundo o Ministério Público Federal, durante seis anos uma organização criminosa usou a estrutura da Polícia Civil para cometer os crimes. O advogado de Garotinho disse que o casal ficou "extremamente constrangido" com a busca da PF e que vai usar um documento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) para se defender das acusações relativas à Delegacia de Meio Ambiente, subordinada a Lins.

O documento, segundo o advogado de Garotinho, Sérgio Mazzillo, criticava a atuação dos agentes da delegacia. A Firjan informou que, em 2004, recebeu um comunicado da empresa Bayer relatando abuso de poder com agentes da delegacia. Naquela época, diz a Firjan, um representante da federação fez apenas um telefonema a Garotinho, então secretário de Segurança, comunicando o fato. A Firjan informou que somente em abril deste ano o advogado de Garotinho pediu uma declaração escrita atestando o episódio.

Garotinho e Rosinha já foram condenados em 2005 pela Justiça Eleitoral por abuso de poder político e econômico nas eleições municipais de Campos, em 2004, com três anos de inelegibilidade.

Na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), deputados se reuniram ontem para tratar da questão da imunidade parlamentar de Lins, cujo gabinete também foi alvo de busca e apreensão da PF. A Alerj decide hoje se vai pedir a soltura do deputado após analisar o auto da prisão. O presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), aliado de Cabral e um antigo parceiro de Garotinho, foi neutro em relação à prisão do colega de assembléia e de partido: "É o processo da vida. É sempre lamentável, mas cabe ter tranqüilidade e que cada um responda pelos seus atos", afirmou Picciani.

Lins foi preso em flagrante por crime de lavagem de dinheiro, mas também foi indiciado por formação de quadrilha armada, facilitação de contrabando e corrupção passiva e já havia sido investigado em outras duas operações policiais. Segundo a PF, havia provas do crime de lavagem quando os agentes cumpriam o mandado de busca e apreensão na casa do ex-chefe da Polícia, em Copacabana. Lins usava laranjas para lavar o dinheiro fruto da corrupção. Entre os laranjas apontados pela PF, estão a ex-mulher de Lins, Luciana Gouveia dos Santos, e o ex-sogro, Francis Bullos, também presos. Outros sete policiais civis tiveram prisão preventiva decretada.

A Operação Segurança Pública S/A começou no início de 2007, como um desmembramento das operações Gladiador e Hurricante, de 2005 e 2006, que desarticularam a quadrilha dos contraventores Rogério Andrade e Fernando Ignácio, e prenderam policiais envolvidos em sua proteção. O ex-chefe da Polícia Civil do governo Rosinha Garotinho, delegado Álvaro Lins, foi acusado pela Polícia Federal de montar um esquema de proteção a Rogério, usando policiais de sua confiança, o chamado grupo dos ‘inhos’. Na ocasião, a Justiça não autorizou a prisão de Álvaro Lins alegando falta de provas e a busca e apreensão em sua casa foi negada porque ele acabara de ser diplomado deputado estadual, conquistando foro privilegiado.

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